Minas Gerais registra novo caso suspeito de intoxicação por metanol, diz Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde informou, na noite desta segunda-feira (6), que Minas Gerais registrou um novo caso suspeito de intoxicação por metanol. O estado integra agora a lista de 14 unidades da federação que notificaram ocorrências relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Até o momento, o país contabiliza 217 notificações, das quais 17 já foram confirmadas e 200 seguem em investigação.

A pasta não detalhou o local exato do novo caso mineiro. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), mas ainda não houve retorno. No sábado (4), o órgão estadual havia descartado uma suspeita anterior em Santa Maria do Suaçuí, no Vale do Rio Doce.

Segundo o boletim, São Paulo concentra a maior parte dos registros, com 82,49% das notificações: 15 confirmações e 164 casos sob apuração. O Paraná aparece em seguida, com dois casos confirmados e quatro em investigação. Outros estados também apresentam ocorrências em diferentes estágios de análise, entre eles Acre, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia e Rio Grande do Sul.

O levantamento aponta ainda duas mortes confirmadas em São Paulo e 12 em investigação, sendo uma no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo, uma na Paraíba e uma no Ceará.

Diante da crescente preocupação com a disseminação de bebidas adulteradas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou medidas para acelerar a confirmação dos casos e reforçar a capacidade de diagnóstico. Dois laboratórios serão referência nacional para exames toxicológicos: um na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e outro na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

De acordo com Padilha, a Unicamp, por meio do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), poderá realizar cerca de 190 análises por dia. A estrutura também ficará disponível para receber amostras de outros estados que enfrentem dificuldades técnicas para confirmar casos de intoxicação.

O ministro destacou ainda que a Fiocruz colocará à disposição sua rede laboratorial para apoiar as investigações em todo o país. “São Paulo concentra a maioria dos registros e tem encontrado dificuldade para confirmar casos, mas a rede nacional poderá ser usada por qualquer estado com necessidade”, afirmou.

Além do reforço na testagem, o Ministério da Saúde anunciou, no último fim de semana, a compra de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol — medicamentos utilizados como antídotos em casos de intoxicação por metanol. Os produtos serão distribuídos aos centros de referência estaduais e ficarão disponíveis no estoque estratégico do Sistema Único de Saúde (SUS).

Padilha ressaltou que os antídotos podem ser usados assim que houver suspeita de contaminação, mesmo antes da confirmação laboratorial, desde que sob prescrição e monitoramento médico. O fornecimento do fomepizol foi viabilizado em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e com um fabricante japonês, que mantém estoques nos Estados Unidos.

O ministério reforça a importância da notificação imediata de casos suspeitos por profissionais de saúde e alerta a população para o risco do consumo de bebidas alcoólicas sem procedência, que podem conter metanol — substância altamente tóxica e potencialmente letal.