O Brasil registrou, pela primeira vez, casos da nova variante do coronavírus conhecida como XFG. O Ministério da Saúde confirmou oito infecções pelo subtipo — seis no Ceará e duas em São Paulo. As ocorrências foram identificadas entre os dias 25 e 31 de maio e tornadas públicas na última sexta-feira (4). A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado sobre a disseminação da XFG, que atualmente circula em ao menos 38 países e vem se tornando dominante em regiões como o Sudeste Asiático.
De acordo com a OMS, a XFG é uma “variante sob monitoramento”, o que significa que ainda não há evidências de maior gravidade, mas que sua circulação requer atenção. No entanto, os dados mais recentes revelam que, em países como a Índia, a cepa já responde por mais de 68% dos casos. No Brasil, apesar de ainda não haver mortes associadas à nova variante, as autoridades sanitárias reconhecem um “discreto aumento” na taxa de positividade para Covid-19, especialmente no Ceará, onde os testes positivos saltaram de quase zero no início de junho para 10% no fim do mês.
O infectologista Júlio Croda, da Fiocruz e da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a XFG é resultado da recombinação de duas linhagens derivadas da Ômicron: LF.7 e LP.8.1.2, sendo esta última já dominante em boa parte do mundo. Croda aponta que a XFG pode ter vantagens evolutivas, como maior transmissibilidade ou escape da resposta imunológica, mas reforça que não há evidências de que cause quadros mais graves. Os sintomas associados à nova variante incluem dor de garganta, rouquidão e irritação — semelhantes aos já conhecidos da Covid-19.
Mesmo com a chegada da XFG, o Ministério da Saúde reforça que as vacinas atuais seguem eficazes e representam a principal estratégia para evitar casos graves e mortes. Em 2025, o Brasil já distribuiu mais de 14,2 milhões de doses da vacina atualizada contra a Covid-19. A recomendação segue sendo de que idosos e grupos de risco recebam ao menos uma dose, conforme orientação semelhante à da vacinação contra a gripe. No entanto, a adesão vacinal entre os mais velhos ainda é considerada baixa.
A nova variante aparece em um momento em que o vírus influenza lidera as internações por síndrome respiratória aguda grave no país. A expectativa dos especialistas é que, caso a XFG ganhe força em território nacional, a resposta da população — sobretudo em relação à vacinação — será determinante para evitar sobrecarga no sistema de saúde. A Secretaria da Saúde do Ceará alertou que a evolução do quadro epidemiológico ainda é incerta, e que a nova cepa pode estar por trás do recente aumento de casos.
O Ministério da Saúde segue realizando o sequenciamento genômico das amostras e reiterou que não há, até o momento, alterações nas orientações sanitárias vigentes.
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