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O cancelamento da etapa da Stock Car em Belo Horizonte, que estava prevista para acontecer no dia 17 de agosto no entorno do Mineirão, reacendeu críticas sobre os impactos deixados pela prova na capital mineira. A decisão foi anunciada pela organizadora Vicar nesta segunda-feira (7/7), que alegou falta de prazo hábil para montar o circuito de forma segura. Mas para a deputada estadual Duda Salabert (PDT) e o biólogo Marcelo Dias, doutorando em Ecologia na UFMG, os danos já haviam sido causados.
Segundo Duda, a cidade foi lesada em diversos aspectos. “Cortaram dezenas de árvores, causaram impacto negativo no Hospital Veterinário da UFMG, atrapalharam o trânsito da cidade e o lucro que deveria ficar para Belo Horizonte não veio. A cidade sai no prejuízo: ambiental, na mobilidade e também econômico”, declarou. A parlamentar afirmou ainda que vai fiscalizar o contrato com a organização do evento para verificar se as compensações socioambientais prometidas foram de fato cumpridas.
Para o biólogo Marcelo Dias, o cancelamento apenas confirma o alerta feito por pesquisadores no ano anterior, quando a prova foi realizada pela primeira vez em BH. “O entorno do Mineirão não é adequado para esse tipo de evento. A barreira acústica instalada não foi suficiente. Estudos apontaram que seriam necessários 23 metros de altura, mas usaram apenas dois. Do ponto de vista ético, esportivo e ambiental, era inviável”, afirmou o pesquisador, que também atua na UFMG.
A Vicar, por sua vez, atribuiu a mudança de cidade ao cronograma apertado para a montagem do circuito urbano, que coincidiria com outros eventos no Mineirão. A nova sede da etapa será o Autódromo Zilmar Beux, em Cascavel, no Paraná, nas mesmas datas originalmente previstas.
Em nota, os organizadores do BH Stock Festival reforçaram que a alteração se deve a uma ação movida pelo Ministério Público Federal, que pede a suspensão do evento e das vendas de ingressos por suposto risco ambiental, especialmente aos animais em tratamento no Hospital Veterinário da UFMG. Ainda segundo a nota, “não há evidências de impactos ambientais relacionados à realização do festival”, mas a organização decidiu alterar a data para garantir segurança jurídica e manter o diálogo com as autoridades.
A organização também destaca os benefícios esperados para BH, como a geração de empregos, atração de turistas e visibilidade internacional — com transmissão prevista para 157 países. A nova data do festival ainda será anunciada. Para Duda Salabert, no entanto, o episódio reforça a falta de planejamento: “A crítica não é ao evento em si, mas ao local escolhido. Existem outros espaços na cidade que poderiam receber a corrida. O que vimos foi desrespeito ao meio ambiente e à população”, concluiu.
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