A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (9) o uso do medicamento Mounjaro para o tratamento da obesidade e do sobrepeso em adultos no Brasil. A substância ativa do remédio, a tirzepatida, já era utilizada no país desde maio para o controle do diabetes tipo 2, e sua prescrição para a perda de peso era considerada off label, ou seja, fora das indicações previstas em bula. Com a nova autorização, o remédio passa a ser oficialmente indicado para pessoas com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou a partir de 27 nos casos em que o paciente apresente ao menos uma comorbidade, como hipertensão arterial, colesterol elevado ou pré-diabetes.
A liberação marca um avanço no enfrentamento da obesidade, que é considerada uma epidemia silenciosa e de múltiplas causas no país. Segundo Luiz André Magno, diretor médico da farmacêutica Eli Lilly no Brasil, responsável pelo desenvolvimento do Mounjaro, o pedido de ampliação da indicação foi feito em etapas, com os estudos clínicos inicialmente focados no diabetes e, depois, direcionados para a perda de peso. Após a conclusão dos estudos de fase 3, que comprovaram a eficácia e a segurança da tirzepatida no tratamento da obesidade, a Anvisa concluiu pela aprovação da nova indicação.
O Mounjaro é um medicamento de uso injetável e aplicação semanal. Ele atua imitando a ação de dois hormônios intestinais — o GLP-1 e o GIP — o que o classifica como um duplo agonista, diferente de medicamentos como o Ozempic e o Wegovy, à base de semaglutida, que agem apenas sobre o GLP-1. A atuação combinada da tirzepatida mostrou resultados superiores na redução de peso: nos estudos, os pacientes tratados com o Mounjaro perderam, em média, 22,8 quilos ao longo de 72 semanas, enquanto o grupo que usou Wegovy teve perda média de 15 quilos. A substância também foi mais eficaz na redução da circunferência abdominal, promovendo uma perda de até 18,4 centímetros, contra 13 centímetros obtidos com a semaglutida.
O tratamento com o Mounjaro começa com a dose de 2,5 mg e pode evoluir até 15 mg, conforme orientação médica. Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, hipoglicemia e desconfortos gastrointestinais, o que torna essencial o acompanhamento por um profissional de saúde. A prescrição exige receita médica com retenção obrigatória, medida que será aplicada a todos os medicamentos dessa classe a partir deste mês de junho, em decisão recente da Anvisa para evitar o uso indiscriminado.
No Brasil, o Mounjaro está disponível com preços variados. Dentro do programa de fidelidade Lilly Melhor Para Você, que oferece descontos mediante cadastro gratuito, a versão de 2,5 mg custa R$ 1.406,75 no e-commerce e R$ 1.506,76 em lojas físicas; já a dose de 5 mg sai por R$ 1.759,64 no e-commerce e R$ 1.859,65 nas lojas. Fora do programa, os preços sobem e podem chegar a R$ 1.907,29 e R$ 2.384,34, respectivamente, de acordo com a alíquota de ICMS de cada estado.
A expectativa de especialistas, como o médico Fábio Trujilho, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), é de que a aprovação do Mounjaro com indicação formal para obesidade contribua para uma mudança significativa no tratamento dessa condição, facilitando também o reembolso parcial por planos de saúde e hospitais. Trujilho ressalta que se trata de uma opção mais potente e segura para os pacientes, que pode ajudar também no controle de outras doenças associadas, como apneia do sono e o próprio diabetes.
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