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Acidentes de trânsito já consumiram quase R$ 8 milhões da saúde pública de Minas Gerais em 2025

Estado registra mais de 30 mil internações em menos de cinco meses, com maioria das vítimas sendo homens jovens e motociclistas

02/06/2025 às 12h00
Por: Redação
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Foto: Reprodução
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Em menos de cinco meses, os acidentes de trânsito já geraram um impacto de R$ 7,8 milhões nos cofres públicos de Minas Gerais. O valor se refere aos custos com internações hospitalares de vítimas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado até o mês de maio. O levantamento, realizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em parceria com o Corpo de Bombeiros, revela uma triste rotina: as ruas, avenidas e estradas mineiras se tornaram cenário de mais de 22 mil acidentes, que resultaram em 30.305 hospitalizações.

Os dados reforçam um padrão preocupante que se repete ano após ano. Desde 2017, Minas tem gasto em média R$ 39 milhões anuais com internações provocadas por acidentes de trânsito. Em 2024, o valor atingiu o recorde de R$ 45,5 milhões, o maior registrado nos últimos oito anos. A grande maioria dos casos envolve ferimentos leves – mais de 20 mil só este ano –, mas há também 3.276 vítimas em estado grave e 792 mortes confirmadas até o momento.

O perfil das vítimas é bem delineado no estudo: 71% são homens e, entre eles, a faixa etária predominante é de 20 a 29 anos. Motociclistas respondem por 60% dos casos, o que evidencia o risco elevado enfrentado por quem utiliza motos no deslocamento diário. Os acidentes se concentram entre as noites de sexta-feira e as madrugadas de segunda, com o sábado como o dia mais crítico em número de ocorrências.

Nas unidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), foram 3.287 internações até 15 de maio. Das vítimas atendidas, 2.560 eram motociclistas, 489 pedestres, 394 ocupantes de carros, 177 passageiros de ônibus, 109 ciclistas e 47 motoristas de caminhão. O custo desses atendimentos, além de elevado, é agravado pela complexidade dos procedimentos exigidos.

De acordo com o médico do tráfego Alysson Coimbra, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), os pacientes que chegam aos hospitais geralmente demandam cuidados caros e prolongados. “Estamos falando de vítimas em estado crítico, que necessitam de cirurgias em múltiplos tempos, longas permanências em UTI e processos de reabilitação que se estendem por meses ou até anos”, explica. Segundo ele, essa sobrecarga compromete o atendimento de outras emergências médicas, como infartos e AVCs.

Além dos altos custos hospitalares, as sequelas físicas e emocionais deixam marcas profundas. “Mesmo após a alta, muitos pacientes enfrentam limitações permanentes, dores crônicas e traumas psicológicos. A vida dessas pessoas muda radicalmente”, destaca Alysson.

A combinação de juventude, imprudência e vulnerabilidade tem gerado uma epidemia silenciosa nas estradas mineiras. O alerta das autoridades de saúde é claro: os acidentes de trânsito não são apenas uma questão de segurança viária, mas também de saúde pública e de impacto direto nos recursos destinados a toda a população.

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