Internado em SP, padre mineiro enfrenta doença rara e toma 281 remédios diariamente

O padre mineiro Márlon Múcio, de 52 anos, foi internado novamente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em São José dos Campos, no interior de São Paulo, devido a complicações da Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD), uma doença genética rara que afeta aproximadamente 15 pessoas no Brasil. Entre os sintomas, ele apresenta uma dobra na parede direita da traqueia, provocando dores intensas que têm exigido o uso de morfina para alívio.

Internado desde a última segunda-feira (1º), Márlon relatou nas redes sociais que enfrentou dificuldade respiratória severa. “Hoje o dia foi mais difícil: minha respiração ficou muito ruim. Nem com os aparelhos eu conseguia respirar direito. E não estamos conseguindo controlar a dor. A doença está avançando, mas minha fé está avançando muito mais”, publicou ele na noite desta quinta-feira (4/9). Em maio, o religioso já havia passado 16 dias internado por complicações da mesma doença.

Nascido em Carmo da Mata, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, o padre convive com os sintomas da RTD desde a infância, incluindo feridas pelo corpo e perda de audição aos sete anos. Aos 14, passou a apresentar dificuldades para mastigar, mas o diagnóstico correto só foi realizado aos 45 anos, já no início de sua vida religiosa. A doença tornou necessária a utilização de respirador 24 horas por dia desde 2010, para auxiliar no controle da falta de ar e da fadiga.

A RTD é uma doença genética progressiva que afeta os neurônios motores e sensoriais, causando fraqueza muscular, dificuldades para enxergar, ouvir e engolir, além de insuficiência respiratória. A condição ocorre pela deficiência de uma proteína responsável pelo transporte da riboflavina (vitamina B2) para dentro das células, nutriente essencial para o metabolismo.

O tratamento diário de Márlon inclui a ingestão de 281 comprimidos, um reflexo da complexidade do controle dos sintomas da doença. Sua história inspirou o filme Milagre Vivo, que retrata a luta do padre pela sobrevivência. Além disso, ele fundou um hospital voltado para pacientes com doenças raras em Taubaté, no interior de São Paulo, oferecendo atendimento especializado para pessoas com condições similares.