Idosa morre após consumir torta de frango de padaria em BH

Faleceu nesta terça-feira (27), em Belo Horizonte, Cleuza Maria de Jesus Dias, de 75 anos, uma das três pessoas da mesma família que foram internadas em estado grave após consumirem uma torta de frango comprada em uma padaria no bairro Serrano, na Região da Pampulha. A idosa estava internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital MedSênior Pampulha desde o dia 22 de abril. A suspeita é de intoxicação alimentar, e o caso segue sob investigação das autoridades de saúde e da Polícia Civil.

O episódio, que causou comoção na capital mineira, teve início quando Cleuza recebeu a visita da sobrinha, Fernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23 anos, e do namorado dela, José Vitor Carrilho Reis, de 24, que haviam comprado a torta e uma empada na Padaria Natália. Após ingerirem os alimentos, os três passaram mal quase imediatamente. De acordo com relatos à Polícia Militar, a comida apresentava gosto azedo, o que levou os jovens a retornarem com o restante do alimento ao estabelecimento.

Na madrugada do dia seguinte, Fernanda e José Vitor começaram a sentir intensos sintomas de mal-estar e foram levados ao Hospital Municipal Monsenhor Flávio Damato, em Sete Lagoas, onde foram internados em estado grave e intubados. Cleuza, que mora na capital, também passou mal e chegou a desmaiar por cerca de 30 minutos. Ela foi reanimada pelo filho e entubada ainda na ambulância do Samu, sendo encaminhada ao CTI do MedSênior.

Diante da gravidade do quadro clínico, as autoridades sanitárias e médicas inicialmente suspeitaram de botulismo, uma condição rara, mas potencialmente fatal, causada pela bactéria Clostridium botulinum, comum em alimentos mal conservados. Por precaução, os pacientes receberam soro antibotulínico. No entanto, exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência nacional, descartaram a presença da toxina botulínica nos organismos dos três. Com isso, outras hipóteses passaram a ser investigadas, incluindo envenenamento por pesticidas, como organofosforados e carbamatos.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou que coletou amostras clínicas dos pacientes, bem como restos de alimentos, como frango desfiado, milho verde e sobras da torta. Esses materiais estão sendo analisados pela Rede Nacional de Vigilância Laboratorial para identificar a origem da possível contaminação. As investigações seguem em sigilo, e as autoridades não confirmam, até o momento, a hipótese de envenenamento proposital.

O estabelecimento onde os produtos foram comprados foi interditado pela Vigilância Sanitária no dia 23 de abril. O dono da padaria afirmou que os salgados foram produzidos por um padeiro contratado temporariamente, que trabalhou apenas seis dias e não teve registro formal na empresa. Segundo ele, os produtos foram feitos no dia 19 de abril e mantidos congelados até o consumo. O padeiro, após tomar conhecimento da repercussão do caso, se apresentou espontaneamente à Polícia Civil, negou qualquer irregularidade e foi liberado após prestar depoimento.

Enquanto a investigação prossegue, Fernanda e José Vitor continuam internados em Sete Lagoas, sob cuidados médicos. O hospital MedSênior lamentou a morte de Cleuza em nota oficial, destacando que informações adicionais devem ser fornecidas exclusivamente pelas autoridades competentes.