O Vaticano anunciou nesta sexta-feira (10) novas diretrizes que permitem que homens gays ingressem no sacerdócio, desde que sejam celibatários. A medida, publicada pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), revoga uma orientação anterior, de 2016, que proibia seminaristas com "tendências homossexuais profundas". As regras já estão em vigor e serão revisadas após três anos.
Segundo o documento, a orientação sexual dos candidatos será avaliada dentro de um contexto mais amplo de sua personalidade e vocação. “É adequado que a avaliação não se reduza apenas a este aspecto, mas busque entender seu significado em toda a estrutura da personalidade do jovem”, diz o texto, que foi publicado discretamente no site oficial da CEI.
A tal mudança parte de uma série de gestos do papa Francisco em direção à comunidade LGBTQIA+. Entre as ações recentes está a autorização para que os padres abençoem os casais do mesmo sexo e a declaração de que a homossexualidade “não é crime, mas é pecado”, em uma entrevista à Associated Press em janeiro de 2023.
Apesar dessas iniciativas, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não é reconhecido pela Igreja Católica, e a nova diretriz exige o celibato completo para gays que desejam ingressar no clero.
A relação do Vaticano com a temática LGBTQIA+ não tem sido isenta de controvérsias. Em maio de 2022, declarações atribuídas ao papa Francisco geraram repercussão na imprensa italiana. Durante uma conversa privada, o pontífice queria dizer que os seminários eram “cheios de viagem”, o que causou indignação em setores progressistas da Igreja.
Além disso, Francisco já havia se posicionado anteriormente contra a ordenação de homens gays. Com as novas diretrizes, essa posição parece ter sido revista, ainda que dentro de limitações.
Apesar de sua postura mais acolhedora, o papa destacou em entrevistas que líderes católicos em diferentes partes do mundo ainda apoiam leis que criminalizam a homossexualidade. Ele pediu que esses líderes passassem por um “processo de conversão” e lembrou que a Igreja deve agir com ternura e compaixão, refletindo o amor divino por todos.
A nova política da Igreja representa um passo importante na direção à inclusão, mas mantém-se firme entre a doutrina tradicional e as exigências de maior igualdade dentro da instituição. A reavaliação prevista para 2027 será crucial para medir o impacto e a facilidade dessa mudança.
Foto: Divulgação Internet
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