Durante uma atividade de ciclismo e observação de aves silvestres em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o ambientalista e socorrista Denis Valério se deparou com vestígios surpreendentes: rastros recentes de onça-parda e jaguatirica em uma área de mata desmatada, próxima ao centro da cidade. O local, que vem sendo transformado para a construção de estrada e novos loteamentos, fazia parte da antiga Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sol Nascente, criada como compensação ambiental pela mineradora CAUÊ.
Acostumado a pedalar pela região e encontrar sinais de animais como mão-pelada e teiús, Denis se impressionou ao identificar as pegadas dos dois felinos, o que evidencia a resistência da fauna silvestre diante da pressão crescente do avanço urbano. "A alegria de encontrar sinais da presença desses animais se mistura à preocupação com o desmatamento sem estudos adequados, a ausência de corredores ecológicos e a caça ilegal, que ameaçam seriamente a sobrevivência dessas espécies", afirmou o ambientalista.
O primeiro rastro detectado foi o da onça-parda (Puma concolor), também conhecida como suçuarana. De grande porte, esse felino pode pesar entre 30 e 75 quilos, alimenta-se de vertebrados como catetos e capivaras, tem hábitos solitários e geralmente é ativo ao entardecer e ao amanhecer. Diferente da onça-pintada, a suçuarana não vocaliza esturros, emitindo apenas sons mais agudos, semelhantes a miados.
Já o segundo registro foi o da jaguatirica (Leopardus pardalis), um felino de médio porte, com cerca de 11 quilos, que caça pequenos vertebrados e prefere se deslocar à noite. Segundo Denis, é comum confundir suas pegadas com as de filhotes de onça-pintada, devido ao formato similar. Um terceiro conjunto de pegadas da onça-parda também foi identificado, indicando possíveis rotas de caça ou deslocamento entre fragmentos de vegetação, sempre buscando evitar áreas habitadas por humanos.
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