Em meio a altas recentes no preço dos combustíveis, o etanol tem se destacado como alternativa mais econômica para os motoristas de Belo Horizonte. Segundo levantamento do site Mercado Mineiro, realizado nos dias 26 e 27 de junho em 163 postos da capital e da Região Metropolitana, o litro do etanol está custando, em média, R$ 4,39, enquanto a gasolina atinge R$ 6,36 — uma diferença de R$ 1,97. Essa variação representa uma relação de 69% entre os preços, índice considerado economicamente vantajoso para o uso do etanol em veículos flex, já que o limite de viabilidade é tradicionalmente fixado em até 70%.
A expectativa é de que esse cenário estimule um crescimento no consumo do etanol, que representa hoje entre 25% e 30% da demanda estadual na capital e região metropolitana, segundo a Associação da Indústria Sucroenergética de Minas Gerais (Siamig). De acordo com o presidente da entidade, Mário Campos, a combinação entre a safra da cana-de-açúcar — que vai de abril a novembro — e a carga tributária reduzida para o etanol cria um ambiente propício para a recuperação do setor. Atualmente, a alíquota de impostos sobre o etanol gira em torno de R$ 0,58 por litro, contra cerca de R$ 1,47 da gasolina.
Embora o etanol também tenha registrado aumento nas últimas semanas — subiu 4,88%, passando de R$ 4,19 para R$ 4,39 —, o avanço da gasolina foi ainda mais expressivo: 6,46%, saltando de R$ 5,97 para R$ 6,36. Para Feliciano Abreu, diretor do Mercado Mineiro, essa diferença garante ao etanol uma posição mais competitiva no bolso do consumidor, mesmo diante do reajuste recente.
Apesar da tendência favorável, o etanol ainda acumula queda de consumo no estado. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que, entre janeiro e maio deste ano, a demanda pelo biocombustível caiu 13,3% em Minas Gerais, enquanto a gasolina teve alta de 9,5% no mesmo intervalo. Ainda assim, o setor enxerga a atual conjuntura como uma oportunidade de reversão, mesmo sem estimativas exatas de crescimento.
Além da questão econômica, Campos também reforça o papel estratégico do etanol no contexto da sustentabilidade e da transição energética. Por ser um combustível renovável e menos poluente, o produto tem ganhado relevância nas discussões globais sobre mudanças climáticas — especialmente com a proximidade da COP 30, prevista para 2025 no Brasil.
A legislação exige que os postos informem a relação percentual entre os preços dos dois combustíveis para que o consumidor possa fazer escolhas mais conscientes. Ainda assim, especialistas recomendam que cada motorista considere o rendimento individual de seu veículo antes de decidir entre etanol ou gasolina, uma vez que o desempenho pode variar significativamente de acordo com o modelo.
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