O anúncio de um investimento bilionário da montadora Stellantis, nesta terça-feira (11), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, acabou se transformando em um palco de embate político entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Durante o evento, que confirmou aportes de R$ 30 bilhões no Brasil, os dois trocaram críticas diretas e indiretas, elevando a temperatura política.
Zema foi o primeiro a discursar e, sem mencionar o governo federal, fez críticas à estrutura administrativa do país. O governador exaltou a redução do número de secretarias em sua gestão e comparou a administração pública a um time de futebol: "Apesar de sermos o segundo Estado mais populoso, temos o menor número de secretarias. Para vencer o campeonato, não precisa de 20 jogadores em campo, apenas 11 craques". O comentário foi interpretado como uma referência ao governo Lula, que conta com 38 ministérios.
O governador também aproveitou a oportunidade para relembrar a crise financeira enfrentada por Minas Gerais antes de sua chegada ao Palácio Tiradentes, citando a gestão do ex-governador Fernando Pimentel (PT). "Assumi um Estado quebrado que não fazia o repasse do ICMS e não pagava a folha de pagamento. Era um Estado desacreditado", disse.
Lula, que discursou em seguida, respondeu às críticas do governador citando programas do governo federal voltados para a educação em Minas Gerais. O presidente lembrou que 370 mil jovens mineiros recebem verbas do Pé-de-Meia, iniciativa que incentiva a permanência de estudantes no ensino médio. Além disso, rebateu a fala de Zema sobre o tamanho da equipe ministerial. "O importante não é discutir se você tem um ou dez ministros, mas a qualidade das pessoas que você tem", afirmou.
A economia também foi um dos temas abordados por Lula, que ironizou o governador ao mencionar o crescimento do PIB. "Precisou eu voltar à Presidência para a economia crescer acima de 3%. Ela não crescia há quanto tempo? O Zema não lembra. Nem você, nem nenhum economista se lembra", alfinetou o presidente.
Outro ponto de discordância foi a dívida de Minas Gerais com a União, mencionada por Zema durante seu discurso. O governador disse esperar uma solução definitiva para o problema, evitando a prática de "empurrar com a barriga". A resposta veio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que destacou o aumento expressivo da dívida estadual nos últimos anos. "A dívida de Minas cresceu mais de 50% nos últimos cinco anos, saltando de R$ 110 bilhões, em 2019, para R$ 165 bilhões", afirmou.
O embate entre Lula e Zema aconteceu em um momento de intensas articulações para as eleições de 2026. Enquanto o presidente defendeu a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) para o governo mineiro, Zema já declarou apoio ao seu vice, Mateus Simões (Novo). Nos bastidores, cresce a especulação sobre a possibilidade de o governador disputar a Presidência da República, desafiando o próprio Lula nas urnas.
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