O Brasil tem cerca de 156 milhões de pessoas aptas pela Justiça Eleitoral para votar em milhares de candidatos aos cargos de vereador e prefeito em 2024. O país elevou em 5,4% o número de eleitores em relação à disputa presidencial de 2020. Os números consolidam o Brasil como uma das maiores democracias do mundo e impõem aos candidatos o desafio de criar vínculos com os eleitores para além da campanha oficial regulada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas os partidos podem ter em plataformas de financiamento coletivo, as chamadas ‘vaquinhas virtuais’, o aliado estratégico para consolidar a aproximação aos eleitores.
É um dos desafios das estratégias do marketing político, financiado com recursos públicos e privados. Os partidos terão R$ 4,9 bilhões do fundo eleitoral para as campanhas, valor superior aos R$ 2 bilhões em dinheiro da União disponibilizados nas eleições municipais de 2020. Apesar do montante, os candidatos gastaram R$ 2,8 bilhões. A diferença foi paga com doações e, em casos menos expressivos, dinheiro do próprio bolso dos candidatos.
João Reis, CEO da Azul Pagamentos, uma das principais plataformas de micro doações homologadas pelo TSE, destaca o papel das plataformas de captação de microdoações por eleitores como opção para os candidatos dialogarem com seus eleitores. “Com a doação individual é possível saber quantos eleitores estão realmente com o candidato em diversas regiões”, afirma.
De acordo com o executivo, em cada doação é possível saber o bairro onde vivem os eleitores apoiadores. Com isso, a campanha do candidato pode elaborar agendas em locais onde, eventualmente, ele não disputaria votos. Reis recorda o caso de um candidato a vereador no pleito de 2020. “Ele concentrava sua campanha no bairro onde era seu reduto eleitoral, mas a partir dos dados disponibilizados pela plataforma, percebeu que do outro lado da cidade do Rio de Janeiro havia eleitores que doaram por se identificarem com sua bandeira de mobilidade urbana saudável por meio de ciclovias”, conta.
Os dados de localização permitem deslocar ações de campanha para atingir potenciais apoiadores. Isso permite, segundo Reis, chamar a atenção dos partidos, que muitas vezes concentram recursos para políticos mais conhecidos. “Tem partido que às vezes não sabe qual o nível de engajamento do eleitor com um candidato. Mas um candidato que desponta com doação individual pode se tornar mais atraente para o partido e receber maior apoio na candidatura”, diz.
O efeito direto da transparência dos dados pelas plataformas de financiamento coletivo é que os partidos conseguem ver um candidato que está escalando e tem potencial para ganhar. “A plataforma é uma forma do partido acompanhar o candidato e dele, candidato, se projetar para a legenda. Ela mostra a escala orgânica de uma candidatura em razão de uma causa ou bandeira”, observa Reis.
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