De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), os motoristas em Belo Horizonte enfrentam congestionamentos tão intensos quanto os de São Paulo, a maior cidade da América Latina.
Segundo a pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 7 de agosto, o tempo médio para percorrer 10 quilômetros em trânsito congestionado na capital mineira é de 57 minutos (o mesmo registrado em São Paulo. Recife (PE) lidera o ranking, com 58 minutos).
Em condições ideais, com tráfego menos intenso, os motoristas de Belo Horizonte levam cerca de 28 minutos para percorrer a mesma distância. Nesse cenário, a capital mineira se posiciona entre as piores cidades do país, à frente apenas de Curitiba (PR) e São Paulo (SP), e empata com Fortaleza (CE).
O congestionamento crônico em Belo Horizonte impacta ainda mais os usuários de transporte público. Dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mostram que, no horário de pico da tarde, os ônibus demoram, em média, 40 minutos para percorrer 10 quilômetros (um aumento em relação aos 37 minutos registrados em 2015).
A queda na demanda por transporte público e a priorização do transporte individual são apontadas como possíveis causas para o agravamento do trânsito nas capitais. Segundo o anuário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), divulgado nesta semana, houve uma queda de 44% no número de passageiros de transporte público urbano no Brasil nos últimos dez anos. Em Belo Horizonte, a redução foi de 38%, com o número de passageiros mensais caindo de 37,3 milhões em 2014 para 22,9 milhões em 2023.
A migração para o transporte individual tem se acentuado. Uma pesquisa da CNT de 2017 mostrou que 56% dos entrevistados não haviam substituído os ônibus por outros meios de transporte. Este ano, apenas 32% mantiveram o uso dos ônibus, com o carro próprio (38%), deslocamentos a pé (19%) e transporte por aplicativo (18%) sendo as principais alternativas escolhidas.
Entre os motivos apontados para a queda no uso dos ônibus estão o baixo conforto (28%), a falta de flexibilidade em horários e rotas (20%) e o longo tempo de viagem (20%). Para 26% dos entrevistados, nenhuma mudança os faria voltar a utilizar o transporte coletivo. No entanto, outros destacaram que a redução da tarifa (21%), o aumento do conforto (19%) e a maior rapidez nas viagens (19%) poderiam incentivá-los a retornar ao uso dos ônibus. Apesar da queda na demanda, os ônibus ainda são a única opção de transporte para 52,7% dos usuários.
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