Na última quinta-feira, 27 de junho, moradores de Santa Luzia e integrantes do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural da cidade realizaram uma manifestação contra o empreendimento imobiliário Cidade Jardim, da construtora Emccamp Residencial. O protesto aconteceu durante uma reunião extraordinária do conselho, no Teatro Municipal da cidade.
Os moradores expressaram preocupação com os possíveis impactos ambientais e paisagísticos do projeto, que prevê mais de 500 lotes para imóveis residenciais e comerciais. Eles temem que a construção comprometa o escoamento da água do Rio das Velhas e altere a paisagem do Centro Histórico do município.
Glaucon Durães, integrante do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, esteve presente na reunião. Ele relatou que o primeiro ponto discutido foi a licença para a construção do empreendimento Cidade Jardim na Fazenda Vicente Araújo. "A população encheu o Teatro Municipal em uma grande mobilização. Houve uma discussão se a palmeira macaúba havia sido tombada ou não, e argumentamos que ela já é patrimônio da cidade. A maior parte da reunião foi em torno disso", explicou.
As palmeiras macaúbas, presentes na Fazenda Vicente Araújo, são um ponto crucial no debate. No final da reunião, a população e os conselheiros se manifestaram contra o empreendimento. "Estabelecemos que a palmeira macaúba está protegida na cidade. A empresa agora terá que refazer o projeto porque o terreno tem muitas palmeiras. A população se manifestou categoricamente contra a construção do empreendimento", afirmou Durães.
Em nota, a construtora Emccamp Residencial afirmou que o loteamento não trará impactos ao meio ambiente e que o projeto foi planejado para beneficiar o planejamento urbano de Santa Luzia. A empresa contratou um estudo técnico sobre a área de inundação ao longo do Rio das Velhas, realizado pela Conabra Engenharia e Soluções Ltda, e garantiu que não haverá impactos das cheias do rio no loteamento.
"A Emccamp se sensibiliza com as preocupações dos moradores de Santa Luzia e tem a tranquilidade de informar que o projeto de implantação do Loteamento Cidade Jardim foi precedido de todos os estudos técnicos exigidos, garantindo a preservação do meio ambiente e o respeito ao urbanismo do centro histórico", destacou a empresa em nota.
Segundo a Emccamp, o empreendimento representará um benefício para o planejamento urbanístico da cidade. O projeto prevê um total de 548 lotes, dos quais 127 possuem controle de acesso, enquanto os demais são abertos. A empresa destaca que o empreendimento foi idealizado para dar função social a um vazio urbano na região central do município, contribuindo para a geração de empregos, aquecimento da economia, e aumento da arrecadação municipal.
A construtora também afirma que boa parte das palmeiras macaúbas será preservada na área verde do projeto, e que outras poderão ser reimplantadas em outros locais. "A sugestão de tombamento das palmeiras foi considerada superficial pelo Ministério Público, pois exigiria um estudo aprofundado que não foi feito", completou a nota.
A polêmica continua, e outras manifestações contra o projeto estão previstas, inclusive na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, embora sem data definida. "Caso o presidente do Conselho do Patrimônio volte a colocar em pauta o empreendimento, na próxima reunião faremos manifestação novamente, mostrando o anseio do povo de Santa Luzia", concluiu Durães.
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