
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou em coletiva à imprensa que o governo federal teria negado o envio de veículos blindados para o estado durante a megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28/10) nos Complexos da Penha e do Alemão. A operação, voltada ao combate à facção Comando Vermelho, resultou em mais de 60 mortes e cerca de 80 presos, consolidando-se como a mais letal da história do Rio de Janeiro.
Segundo Castro, o pedido de blindados havia sido feito em três ocasiões anteriores, sem resposta positiva por parte da União. “Não foi pedido (apoio) desta vez porque já tivemos três negativas. Então já entendemos que esta é uma política de não ceder”, afirmou o governador, acusando o governo federal de não fornecer respostas concretas aos pleitos do estado. Ele também questionou a aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mecanismo previsto na Constituição que permite a atuação das Forças Armadas em situações excepcionais de segurança pública.
Em fevereiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia declarado publicamente que não autorizaria novas GLOs no Rio de Janeiro, citando experiências anteriores de intervenção federal em 2018, quando os gastos superaram R$ 2 bilhões sem resultados significativos na redução da criminalidade. Castro afirmou que a guerra contra o tráfico de drogas no estado estava ultrapassando os limites da capacidade estadual e reforçou que a operação desta terça-feira havia sido planejada durante mais de 60 dias, com dezenas de mandados de prisão e busca e apreensão cumpridos.
Em contrapartida, o Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu nota rebatendo as declarações do governador. A pasta destacou que tem atendido prontamente todos os pedidos do estado para a atuação da Força Nacional, com 11 solicitações de renovação desde 2023, todas aprovadas. Além disso, informou que, apenas em 2025, a Polícia Federal realizou 178 operações no estado, das quais 24 foram relacionadas a tráfico de drogas e armas, resultando em 210 prisões, 10 toneladas de drogas apreendidas e 190 armas de fogo retiradas de circulação, incluindo 17 fuzis.
O Ministério destacou ainda os esforços de cooperação com o Rio de Janeiro, incluindo a cessão de vagas em presídios federais, a criação de células integradas para localização e captura de foragidos e comitês de inteligência financeira para desarticular organizações criminosas. Entre 2024 e 2025, foram cumpridos 855 mandados de prisão e apreendidas grandes quantidades de armas e drogas, além de veículos recuperados e munições retiradas de circulação.
Os investimentos federais no estado também foram mencionados na nota, incluindo recursos do Fundo Penitenciário Nacional e do Fundo Nacional de Segurança Pública, totalizando centenas de milhões de reais, além de doações de equipamentos como veículos, drones e coletes. O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que segue comprometido com a cooperação e integração entre União e estado para o enfrentamento do crime organizado e a preservação da ordem pública no Rio de Janeiro.
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