A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) marcou para esta sexta-feira (19/9) uma reunião para discutir medidas que possam reduzir o risco de apagões no Brasil. O encontro terá como foco alternativas para evitar sobrecargas no sistema elétrico, diante do crescimento da geração distribuída (GD), especialmente a solar fotovoltaica.
Representantes das maiores concessionárias de energia alertam que o aumento da GD, que inclui tanto instalações residenciais quanto grandes geradores próximos ao consumo, tem criado excedentes em horários específicos. Segundo eles, essas sobras podem forçar cortes em outros geradores para evitar o colapso do sistema. Em carta entregue ao Congresso Nacional, oito entidades do setor afirmam que o controle inadequado dessa geração pode comprometer a segurança do fornecimento e pedem que novos incentivos à energia solar distribuída sejam revistos.
Ricardo Brandão, diretor de regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), destacou que desligamentos emergenciais já ocorreram, como no Dia dos Pais deste ano, quando o Operador Nacional do Sistema (ONS) precisou agir para evitar sobrecarga. Ele aponta que uma das alternativas a serem debatidas seria a possibilidade de cortes na geração distribuída de grande porte, preservando, inicialmente, a micro e minigeração residencial.
Do outro lado, o setor de GD contesta a associação entre a modalidade e o risco de apagão. Em carta à Aneel, a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) afirma que problemas do sistema elétrico não decorrem da GD, mas da dificuldade de antigos modelos de se adaptarem à inovação. Carlos Evangelista, presidente da ABGD, comparou a situação a uma grande padaria que reclama da concorrência de pequenas produções caseiras: “As usinas dos grandes grupos estão tendo prejuízo, mas isso não significa que a geração distribuída seja a causa do problema”, disse.
A reunião desta sexta-feira deve reunir técnicos e representantes do setor para avaliar soluções técnicas e regulatórias, buscando conciliar segurança do sistema e expansão da energia solar distribuída, tema central no debate sobre a matriz energética brasileira.
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