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“Se ele cobrar 50%, a gente vai cobrar 50% dele”, diz Lula sobre tarifa de Trump

Presidente afirma que Brasil recorrerá à OMC e adotará Lei da Reciprocidade se não houver acordo

11/07/2025 às 11h00
Por: Bianca Guimarães
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Foto: Divulgação
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (10), que o Brasil vai acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre exportações brasileiras. Em entrevista à Record TV, Lula reforçou que, se a negociação diplomática não for suficiente para reverter a decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, o país adotará retaliações equivalentes, com base na Lei da Reciprocidade Econômica, em vigor desde abril deste ano. “Se ele vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% dele”, disse o presidente.

A estratégia brasileira, segundo Lula, é mobilizar um grupo de países que também tenham sido afetados pelas medidas unilaterais dos EUA, a fim de apresentar uma contestação conjunta à OMC. Caso a via institucional não tenha êxito, o governo aplicará sanções comerciais semelhantes às impostas. A Lei da Reciprocidade autoriza o Brasil a suspender concessões e obrigações internacionais em resposta a práticas que prejudiquem sua competitividade no comércio global.

Durante a entrevista, o presidente também anunciou a criação de um comitê, com a participação de empresários que exportam para os Estados Unidos, para discutir alternativas e buscar novos mercados para os produtos brasileiros. Lula argumentou que, embora o comércio com os EUA represente 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, é papel do governo proteger os setores afetados e garantir o escoamento da produção para outros destinos. “Obviamente que nós queremos vender, mas o Brasil não depende apenas dos Estados Unidos”, disse.

Lula criticou ainda a forma como a carta de Trump foi divulgada — por meio das redes sociais, antes mesmo de ser oficialmente enviada ao governo brasileiro — e cobrou respeito à soberania nacional. O presidente classificou o gesto como inapropriado e destacou que o Brasil sempre buscou resolver disputas diplomáticas por meio do diálogo. “Achei que a carta do presidente Trump era um material apócrifo. Não é costume você mandar correspondência para outro presidente pelo site”, afirmou.

Ele também refutou as alegações de que os Estados Unidos tenham um déficit comercial com o Brasil, sustentando que os norte-americanos registram superávit nas trocas com o país há 15 anos, segundo dados do próprio governo norte-americano. Lula ainda reagiu à exigência de Trump para que o Brasil não permita o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, o Judiciário brasileiro é autônomo e não está sujeito a interferência externa. “O que não pode é ele pensar que foi eleito para ser xerife do mundo”, declarou.

Por fim, Lula responsabilizou Bolsonaro pela atual tensão diplomática. Para ele, o ex-presidente “deveria assumir a responsabilidade” por incentivar a retaliação comercial e colaborar com a estratégia política de Trump. O presidente brasileiro reiterou que o governo está disposto a dialogar, mas não aceitará imposições que firam a independência nacional.

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