A greve dos caminhoneiros transportadores de combustíveis iniciada na madrugada desta segunda-feira (9) já provoca impactos diretos no abastecimento de postos em Minas Gerais, especialmente aqueles da bandeira Petrobras, segundo informou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro). De acordo com a entidade, revendedores ligados à marca Vibra – antiga BR Distribuidora – estão operando com estoques de combustíveis em níveis “extremamente baixos”, o que acende um alerta para o risco de desabastecimento caso a paralisação se prolongue nos próximos dias.
Em Belo Horizonte, a situação já começa a ser percebida por consumidores. Em um posto localizado na avenida Teresa Cristina, por exemplo, apenas uma bomba de gasolina ainda funcionava no início da manhã, e os funcionários estimavam que o combustível restante não duraria até o fim do dia. A bandeira Petrobras representa aproximadamente 16% dos estabelecimentos em Minas Gerais, conforme levantamento do Minaspetro, e é a mais atingida no momento, já que os caminhoneiros têm impedido o carregamento de combustível nas distribuidoras por motoristas da modalidade FOB – quando o próprio dono do posto é responsável pelo frete.
Imagens divulgadas pelo Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) mostram longas filas de caminhões parados nas imediações da base da Vibra Energia, em Betim, na região metropolitana da capital. A paralisação, de caráter indefinido, foi motivada pelo descumprimento de duas leis federais por parte das distribuidoras, segundo o presidente do Sindtanque, Irani Gomes. Ele denuncia que as empresas não estão respeitando o piso mínimo de frete, previsto na Lei 13.703/2018, e tampouco o pagamento antecipado do vale-pedágio, determinado pela Lei 10.209/2001.
“O frete tem sido pago com valores 10% a 15% abaixo do mínimo estabelecido, o que compromete a viabilidade das viagens. Além disso, o pedágio, que deveria ser pago antes da saída, está sendo quitado só depois e, muitas vezes, pela metade do valor devido”, afirmou Irani Gomes, em nota.
A Vibra Energia informou que está tomando medidas para mitigar eventuais riscos de desabastecimento e garantir o atendimento aos clientes. A empresa destacou que os contratos com as transportadoras seguem vigentes e devem ser respeitados. Também afirmou estar aberta ao diálogo individual com cada um de seus parceiros, mas repudiou “qualquer tentativa de combinação coletiva de preços”, alegando que tal prática pode configurar infração à legislação de defesa da concorrência.
Enquanto a negociação não avança, o impasse se intensifica e coloca em risco o fornecimento regular de combustíveis no estado. A continuidade da greve nos próximos dias poderá afetar não apenas os postos da bandeira Petrobras, mas o abastecimento de maneira mais ampla em Minas Gerais, caso a situação nas bases de distribuição não seja rapidamente normalizada.
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