O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou nesta sexta-feira, 11 de março, que o edital de concessão do chamado Vetor Norte será reformulado. A decisão ocorre após forte pressão popular e críticas de parlamentares de diferentes partidos, contrários à instalação de pedágios em série na região metropolitana de Belo Horizonte. A principal mudança diz respeito à cobrança para usuários frequentes: a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) foi orientada a estudar alternativas que permitam a aplicação de tarifa única por dia para motoristas que trafeguem mais de uma vez no mesmo trecho, como taxistas, motoristas de aplicativo e entregadores.
Em declaração pública, Zema citou o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Tadeu Martins (MDB), e afirmou estar sensível às reivindicações da comunidade. O governador, que até então defendia o modelo original do edital, sinalizou abertura ao diálogo. “Determinei à Seinfra que aprofundasse os estudos e adaptasse o projeto para encontrar soluções que aliviem o bolso de quem precisa usar o mesmo trecho várias vezes ao dia”, afirmou.
A proposta de concessão do trecho — chamado tecnicamente de “Lote 8 – Vetor Norte” — inclui as rodovias MG-424, MG-010 e LMG-800, com previsão de instalação de 13 pórticos de pedágio e leilão marcado para o primeiro semestre de 2025. O projeto integra um pacote de concessões estaduais que pretende entregar cerca de 3 mil km de estradas, incluindo trechos federais, à iniciativa privada. Para o Vetor Norte, espera-se que a empresa vencedora invista R$ 4,3 bilhões ao longo de 30 anos de contrato.
A concessão é considerada estratégica pelo governo, por incluir rotas de acesso ao Aeroporto Internacional de Confins. Contudo, a proposta enfrentou resistência desde o início. Um movimento contra os pedágios foi lançado pelo vereador Wanderley Porto e pelo deputado federal Fred Costa (PRD), a partir de demandas de motoristas de aplicativo que atuam no entorno do aeroporto. A discussão chegou à Câmara Municipal de Belo Horizonte, com realização de audiência pública e participação de deputados estaduais e representantes de municípios afetados.
Apesar da promessa de que os novos pórticos seriam instalados apenas nos arredores da capital, a percepção de impacto econômico nos deslocamentos cotidianos fomentou protestos e uniu vozes da esquerda e da direita. Propostas de Emenda à Constituição (PECs) foram protocoladas por parlamentares do PT e do PL para barrar a medida. Agora, com o anúncio de Zema, a expectativa é de que a reformulação do edital traga um modelo menos oneroso para a população, sem inviabilizar os investimentos em infraestrutura e segurança viária esperados com a concessão.
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