Tutor é preso por agredir cachorro com pedaço de pau em Ribeirão das Neves

Um caso de crueldade animal chocou moradores do Bairro Sevilha, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no último domingo (6). Um homem de 57 anos foi preso em flagrante após agredir violentamente o próprio cachorro com um pedaço de pau. O animal, chamado Spaik, foi resgatado por vizinhos com ferimentos na cabeça e corre risco de morte.

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) relatou que realizava patrulhamento quando recebeu a denúncia. Ao chegar ao local, encontrou o cão preso a um poste, com sangramento evidente e sinais de maus-tratos. Segundo testemunhas, o tutor pretendia ainda jogar o animal ferido em um córrego, mas foi impedido por moradores da região.

Ao ser abordado, o homem alegou que Spaik havia mordido seu neto e que a agressão teria sido um "castigo". Apesar da justificativa, ele foi detido e encaminhado à delegacia, onde segue à disposição da Justiça. Um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil para apurar o caso.

A ausência de servidores plantonistas nos serviços de zoonoses e guarda municipal fez com que uma vizinha assumisse temporariamente a custódia do animal. A manicure Alessandra Oliveira prestou os primeiros socorros e informou que o filho do agressor tentou recuperar o cão, mas não tinha condições financeiras de levá-lo a uma clínica veterinária.

A situação mobilizou a ONG Amigo Sem Dono, que assumiu o caso após repetidos apelos dos moradores. Segundo a fundadora da entidade, Roberta Sapori, o cachorro encontra-se em estado grave, com possível edema cerebral e baixa responsividade. O tratamento deve envolver internação e alto custo, que, mais uma vez, deve ser arcado por ativistas independentes.

“Quem vai arcar com o custo desse animal? O agressor não vai, a família não vai, a polícia não vai, a prefeitura não vai. Acaba sobrando para nós, protetores, que temos que tirar do bolso para salvar vidas que não são nossa responsabilidade direta, mas do tutor e do poder público”, afirmou Sapori.

A presidente da ONG também cobra punição exemplar, já que maus-tratos a animais podem resultar em pena de dois a cinco anos de prisão, além de multa.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Ribeirão das Neves afirmou que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foi comunicada na manhã desta segunda-feira (7/4) e que uma equipe especializada foi até o endereço, mas o animal já havia sido acolhido por uma ONG local.

Nas redes sociais, moradores e protetores se uniram em apelos por justiça e mais estrutura no atendimento a casos de maus-tratos. Uma testemunha, que preferiu não se identificar, afirmou que Spaik era dócil e lamentou que nenhum órgão público tenha recolhido o animal após o resgate.

“É triste ver um bichinho tão carinhoso passar por isso. Ele não merecia. E o que mais revolta é saber que, se não fossem os vizinhos e a ONG, ele estaria morto hoje.”