O anúncio dos projetos de privatização da Copasa e da Cemig pelo governo de Minas Gerais, protocolados na Assembleia Legislativa (ALMG) no último dia 14, trouxe preocupação aos trabalhadores das estatais. Representantes das categorias alertaram para o risco de demissões, aumento nas tarifas e perda na qualidade dos serviços caso as empresas sejam incluídas à iniciativa privada. A Copasa, com cerca de 9.600 funcionários, e a Cemig, que emprega aproximadamente 4.700 pessoas, estão no epicentro de uma discussão que promete ser intensa e polarizada.
O primeiro passo do governo para viabilizar as privatizações é a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, que remove a obrigatoriedade de referendos populares. Eduardo Pereira, presidente do Sindágua-MG, que representa os trabalhadores da Copasa, destacou que experiências anteriores, como a privatização da Cedae, no Rio de Janeiro, e da Sabesp, em São Paulo, resultaram em programas de demissão voluntária e outras cortes de pessoal. Ele alertou que a busca por lucros pode levar à redução no quadro de funcionários, comprometendo a eficiência dos serviços.
O vice-governador Mateus Simões (Novo), que liderou a apresentação dos projetos na ALMG, argumenta que os empregados, regidos pela CLT, não perderão direitos com a privatização. Ele também descarta a possibilidade de aumento de tarifas, uma vez que as companhias são regulamentadas pela Aneel e Arsae. No entanto, as declarações não apaziguaram os temores das categorias.
Segundo Emerson Andrada, coordenador geral do Sindieletro-MG, que representa os trabalhadores da Cemig, a privatização pode levar à substituição de trabalhadores próprios por terceirizados, prejudicando a qualidade do atendimento. Além disso, ele acredita que o movimento tem motivações políticas, através da visibilidade de Simões, considerado pré-candidato ao governo em 2026.
Os sindicatos buscam estratégias para barrar os projetos, incluindo reuniões com a ALMG e o BNDES. Enquanto isso, a XP Investimentos emitiu nota técnica avaliando como projetada a aprovação das propostas, citando o prazo apertado até as eleições de 2026 e a falta de apoio sólido na Assembleia. Apesar do otimismo cauteloso dos trabalhadores, o futuro das estatísticas e de seus funcionários permanece incerto.
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