O governo brasileiro se prepara para uma nova fase nas negociações de reparação dos danos causados pela tragédia de Mariana, ocorrida em 2015, com uma proposta que envolve R$ 100 bilhões em recursos novos. O ministro de Minas e Energia, Alexandre da Silveira, destacou que esse valor é considerado o mínimo necessário para lidar com os impactos permanentes do rompimento da barragem da Samarco, que resultou na morte de dezenove pessoas e devastou a Bacia do Rio Doce.
Em uma reunião no Rio de Janeiro, Silveira anunciou que o acordo também incluirá R$ 30 bilhões em obrigações a serem implementadas pelas mineradoras envolvidas – Samarco, Vale e BHP Billiton. Juntas, as empresas alegam ter destinado cerca de R$ 37 bilhões ao processo reparatório até o momento. "Combinando todos esses valores, estamos falando de um total de R$ 167 bilhões, o maior acordo do planeta", afirmou.
A tragédia de Mariana continua a gerar impactos profundos e duradouros, com mais de 85 mil processos ainda tramitando no Judiciário. O ministro ressaltou que, apesar dos esforços, ainda há muitos problemas não solucionados. "Há questões que dinheiro nenhum no mundo poderá mudar", lamentou.
As negociações para a repactuação do acordo vêm se arrastando há três anos, e, apesar das promessas do presidente Lula de que um acordo seria alcançado em outubro, Silveira manteve uma postura cautelosa, afirmando que ainda faltam questões técnicas e jurídicas a serem resolvidas. Ele também descartou a ideia de que o novo acordo será baseado no modelo utilizado para a tragédia de Brumadinho, onde a Vale foi responsabilizada por uma catástrofe em 2019 que deixou 272 mortos.
Críticas surgem de entidades representativas dos atingidos, que questionam a falta de transparência nas negociações e a exclusão das comunidades impactadas dos diálogos. Em uma carta divulgada pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), as entidades afirmam que os R$ 100 bilhões são insuficientes para uma reparação integral e alertam para as ações legais contra a BHP no exterior, que podem resultar em indenizações muito maiores.
Enquanto as negociações prosseguem, a expectativa é que a nova liderança da Vale, com a escolha do presidente Gustavo Pimenta, traga um novo ânimo para as discussões. O governo está comprometido em garantir que a reparação dos danos não fique apenas nas promessas, mas se traduza em ações concretas em benefício das comunidades afetadas.
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