A Gavi, a Aliança das Vacinas, anunciou recentemente um novo plano para expandir o acesso global à vacina contra a raiva, abrangendo mais de 50 países e oferecendo apoio específico para a profilaxia pós-exposição (PEP). A iniciativa, que se alinha com a campanha “Zero by 30”, tem como objetivo reduzir drasticamente as mortes por raiva, que chegam a 70 mil por ano em todo o mundo, especialmente em comunidades marginalizadas da África e da Ásia.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a raiva é uma doença viral transmitida principalmente por mordidas de cães infectados, com uma taxa de mortalidade perto de 100% uma vez que atinge o sistema nervoso central. “A profilaxia pós-exposição, que inclui a lavagem da ferida e a administração da vacina contra a raiva, é essencial para prevenir a progressão fatal da doença”, explica a médica veterinária Laura Beatriz Gomes Cerqueira, pós-graduada em clínica médica e cirúrgica de cães e gatos pela Universidade Qualittas, em Goiânia.
No entanto, em mais de 150 países, a disponibilidade de vacinas contra a raiva é extremamente limitada. De julho a setembro de 2024, países elegíveis estão permitidos a se inscrever para receber apoio financeiro da Gavi para a compra de vacinas contra a raiva e suprimentos associados.
Os sintomas de raiva em animais incluem dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento e paralisia das patas traseiras. Nos humanos, a doença inicia-se com alterações no comportamento, inquietação, perturbação do sono e dor no local da mordedura, evoluindo para alucinações, febre e crises convulsivas.
Raiva no Brasil
A raiva continua a ser um problema de saúde pública no Brasil, com um total de 45 casos humanos registrados entre 2010 e outubro de 2022, conforme dados do Ministério da Saúde publicados pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Em 2023, dois casos fatais chamaram a atenção: um após o contato com um bezerro infectado em Mantena (MG) e outro após ser mordido por um sagui em Cariús (CE). Embora os números no Brasil sejam menores em comparação com a realidade mundial, a doença ainda representa um risco significativo.
Os casos de raiva humana no país têm sido atribuídos a diferentes fontes de transmissão. “Graças às campanhas anuais de vacinação de cães e gatos, esses animais não são mais os principais transmissores da doença. Atualmente, os morcegos e outros animais silvestres, como cachorros do mato, representam a maior parte dos casos”, explica a Dra. Laura Beatriz, especialista premiada pelo Hospital Veterinário de Cães e Gatos de Anápolis. Ela lidera campanhas de vacinação em massa de cães e gatos, prevenindo a transmissão da raiva para humanos. A veterinária também aplica vacinas em animais silvestres e de produção, especialmente em áreas rurais.
Ela destaca a importância da campanha nacional de vacinação antirrábica em cães e gatos, promovida pelo Ministério da Saúde, entre 1º de agosto e 30 de novembro de 2024. "A vacinação em cães e gatos é a principal medida de prevenção contra a raiva", afirma a Dra. Laura Beatriz, que trabalha em colaboração com órgãos de controle de zoonoses em estratégias de erradicação e controle da raiva, como parte de programas nacionais de controle.
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