Em junho deste ano, 144 mil clientes tiveram o serviço interrompido devido a ocorrências na rede elétrica relacionadas a pipas. Este número representa um aumento de quase 92% em relação ao levantamento anterior, que informou mais de 150 mil consumidores afetados entre janeiro e maio de 2024. No total, 300 mil consumidores foram impactados por 1.070 ocorrências no primeiro semestre.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mais de 100 mil clientes ficaram sem energia elétrica em junho, resultando em um total de 181 mil consumidores afetados por pipas em 503 ocorrências.
Além dos problemas na rede elétrica, a brincadeira com pipas pode causar sérios acidentes. Na última semana, um jovem de Ribeirão das Neves morreu ao tentar resgatar uma pipa da rede de média tensão e sofrer um choque elétrico. Com o recesso escolar de julho, é crucial alertar crianças e adolescentes sobre os riscos de soltar pipas em áreas com rede elétrica.
O engenheiro eletricista da Cemig, Demetrio Aguiar, destaca que soltar pipas não é o problema, mas a prática deve ser realizada em locais abertos e sem o uso de linhas cortantes. Linhas de pipa cortadas podem cair sobre redes elétricas ou vias públicas, provocando acidentes ou interrupções no fornecimento de energia. “Soltar pipa é uma atividade lúdica que crianças e jovens adoram. Mas é essencial que a brincadeira ocorra em áreas abertas e sem rede elétrica para evitar acidentes graves ou interrupções no fornecimento de energia”, afirma.
Outra situação a ser evitada é o resgate de pipas presas na rede elétrica, ação arriscada que pode causar acidentes graves. “As redes de distribuição e transmissão, bem como as subestações da Cemig, são construídas dentro de padrões seguros. A aproximação indevida para retirar pipas presas à rede e o uso de cerol e linha chilena são os principais motivos de acidentes”, comenta Aguiar.
A Cemig realiza campanhas de segurança e conscientização sobre os riscos de soltar pipas próximas às redes elétricas em escolas, entidades e veículos de comunicação ao longo do ano.
A lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena no estado. Em vigor desde dezembro de 2019, a legislação proíbe a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares. A multa para quem for flagrado vendendo linhas cortantes varia de R$ 5.279,70 a R$ 263 mil (em casos de reincidência). Quando a linha cortante apreendida estiver em poder de uma criança ou adolescente, seus pais ou responsáveis serão notificados e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
O engenheiro da Cemig alerta que o uso de cerol pode transformar uma linha de pipa em material condutor, provocando choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Muitas crianças amarram as pipas com arames e fios, materiais altamente condutores que, ao tocarem os cabos da rede de energia, causam choque elétrico. “Linhas cortantes também representam perigo para outras pessoas. Elas podem romper os cabos de energia e causar acidentes graves. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena nessa brincadeira”, alerta Aguiar.
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