Artes elaboradas por adolescentes que cumprem medida socioeducativa na Casa de Semiliberdade de Ipatinga ganharam espaço na Biblioteca Pública Zumbi dos Palmares, localizada no centro do município. O público tem entrada gratuita na exposição, que acontece até o dia 25/7, com o título: "A emancipação da alma através da arte".
A exibição é resultado de um trabalho multidisciplinar, desenvolvido por meio de várias oficinas na Casa de Semiliberdade. Nas atividades, os jovens produziram telas de pinturas orgânicas, cavaletes de madeira para a exposição das telas, elaboraram textos e criaram seus respectivos pseudônimos artísticos, com os quais assinaram os trabalhos.
A produção artística considerou que, para uma verdadeira emancipação, é preciso conhecer a si mesmo, as vontades e desejos que se encontram no íntimo. Por isso, o processo de produção desta exibição envolveu vários aspectos da vida de cada jovem participante, em momentos de troca de conhecimento e construção coletiva e diálogo.
Além de promover o acesso à cultura, as atividades também foram articuladas com orientação profissional e o incentivo aos estudos.
A pedagoga da Casa de Semiliberdade de Ipatinga, Paula Martins, afirma que a exposição tem sido muito gratificante para os jovens e para os profissionais, pois é a materialização desse trabalho conjunto. "O projeto foi todo elaborado e realizado em parceria com os diferentes profissionais da unidade. O objetivo foi fomentar nos adolescentes o desejo pela arte, noções de carpintaria, além de conhecimentos gramaticais e linguísticos", disse a pedagoga.
"A estrutura pedagógica das medidas socioeducativas entende a arte como um efetivo instrumento de cooperação na responsabilização do adolescente, uma vez que proporciona o caminho para o autoconhecimento, o acesso aos valores tradicionais de nossa cultura, povos e comunidades e, portanto, favorece a consolidação da perspectiva de pertencimento cidadão", observou a subsecretária de Atendimento Socioeducativo, Giselle Cyrillo.
Oficinas
Nas oficinas de artes para pintura, os adolescentes foram convidados a expressar, por meio das telas, sentimentos e aspectos subjetivos. A intenção foi mostrar a eles que o processo de pintura é uma forma de emancipação, uma liberdade para a alma.
A técnica com design orgânico — formas naturais e fluidas, sem delimitações — foi utilizada nas produções. A pintura favorece o desenvolvimento de habilidades como coordenação motora fina, criatividade e concentração.
Nas oficinas de construção dos cavaletes, os adolescentes tiveram a oportunidade de aprender sobre o processo de carpintaria, que envolve cálculo, precisão e técnica. Foi uma oportunidade para desenvolver habilidades e interesses, que podem despertar o desejo de se aprofundar nessa profissão. Para a produção dos cavaletes utilizados na exibição, feitos sob medida, eles utilizaram madeira, lixadeira e tinta branca.
Para assinar esses trabalhos, os adolescentes criaram seus respectivos pseudônimos através das oficinas de incentivo aos estudos, onde cada um construiu uma identidade única enquanto artista, buscando conhecimentos gramaticais e linguísticos para isso.
Aurora é um dos pseudônimos que assinam a exposição - a identidade artística foi criada por Pedro Varadero*, de 18 anos. "Jamais pensei que fosse capaz de pintar telas e construir cavaletes. É a liberdade de criar", compartilhou o jovem.
A Semiliberdade
A Medida Socioeducativa de Semiliberdade busca trabalhar a responsabilização dos adolescentes e oportunizar repertório e recursos para a construção de um projeto de vida. Isso é feito através do Sistema de Garantia de Direitos: com acesso à escolarização, profissionalização, fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, saúde, assistência jurídica e acesso à cultura, esporte e lazer.
No estado, ela é desenvolvida pela Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) , em parceria com o PEMSE - Polo de Evolução de Medida Socioeducativa
* Nome fictício para preservar a identidade do adolescente, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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