Todos os anos, no segundo domingo de maio, famílias em todo o Brasil celebram o Dia das Mães. Muito embora seja uma importante homenagem, a data, por vezes esconde uma triste realidade: está cada vez mais difícil para muitas mulheres equilibrar a vida profissional com a família. E muitas têm encontrado no empreendedorismo a solução para essa questão.
Segundo uma pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora, 63% das mulheres que resolvem abrir um negócio tomam essa decisão após o nascimento dos primeiros filhos. Outro dado revelado pelo Instituto é que 83% das empresárias investiram em seus próprios negócios justamente para alcançar a independência financeira e, assim, terem mais tempo para dedicar à família.
Para Cristina Boner, empresária e profissional da área de tecnologia, esses dados são extremamente positivos e reveladores. “A independência financeira, além de ser um objetivo em si, serve como meio para alcançar maior autonomia nas decisões pessoais e familiares”, aponta.
A empresária acredita, ainda, que o estudo destaca uma importante dimensão do empreendedorismo feminino. “Isso reflete uma realidade em que as mulheres estão redefinindo o papel tradicional no ambiente de trabalho e na sociedade, buscando formas de conciliar suas ambições profissionais com as responsabilidades familiares de uma maneira que faça sentido para suas vidas pessoais.”
Os desafios de ser mãe, mulher e empreendedora
O levantamento da Rede Mulher Empreendedora revela, ainda, que 60% das mães, ainda se sentem sobrecarregadas com os serviços domésticos e o cuidado com os filhos. Esse número é corroborado pela Pesquisa Global de Empreendedorismo GoDaddy 2024, que mostra que 68% das donas de negócios no Brasil são mães.
Já o levantamento Mulheres Empreendedoras, realizado pela Unidade de Inteligência Estratégica (UINE) do Sebrae de Minas Gerais, indica que 9 em cada 10 mulheres têm dificuldade em conciliar a gestão do negócio com o cuidado dos filhos. Somam-se a esses números, o dado de que 70% das empreendedoras no Brasil são responsáveis pelos seus negócios e, também, pelos afazeres domésticos.
Ou seja, elas realizam a chamada “tripla jornada”: após cumprir dois expedientes de trabalho normal, elas precisam cumprir um terceiro turno, o doméstico. É importante salientar que, além do cansaço físico, mental e emocional que essa sobrecarga gera nas mulheres, o terceiro turno é uma atividade que não gera nenhum tipo de remuneração.
E de acordo com Cristina Boner, esta é apenas a ponta do iceberg quando o assunto é ser mãe e empreendedora. “Primeiramente, há o desafio de balancear o tempo entre a família e a empresa é constante. A empresária precisa ser eficiente na gestão do tempo para poder dedicar-se tanto ao negócio quanto às necessidades de sua família”, enumera a empresária.
“Além disso, elas enfrentam o desafio da culpabilidade, muitas vezes sentindo-se divididas entre as exigências do papel de mãe e as responsabilidades empresariais”, enfatiza. Cristina aponta ainda mais um importante obstáculo que as mães empreendedoras enfrentam: “o preconceito e o julgamento social, em que suas capacidades como líderes podem ser subestimadas devido a estereótipos de gênero”.
O poder da rede de apoio
Para 74% das mulheres entrevistadas pelo Sebrae, a principal fonte de renda delas é o próprio negócio. Outro dado interessante da pesquisa é que, dentre as mulheres entrevistadas, apenas 14% contam com a ajuda do marido ou de outras pessoas com quem dividem a casa para realizar os afazeres domésticos. E outros 44% delas não têm com quem deixar as crianças enquanto trabalham.
Diante deste cenário fica mais clara a importância das mães empreendedoras contarem com uma rede de apoio. Em outras palavras, elas precisam ter com quem contar. Contudo, Boner destaca que isso não basta, é preciso criar medidas que valorizem a diversidade e a inclusão. “Políticas empresariais que suportem a maternidade, como horários flexíveis, trabalho remoto e licenças parentais estendidas, podem ser extremamente benéficas.”
Seja abrindo o próprio negócio ou alcançando postos de liderança em empresas, o fato é que a sociedade como um todo ganha quando há diversidade. Principalmente quando as mulheres têm a oportunidade de inovar, trazendo seu olhar e perspectivas para o mundo dos negócios.
“Portanto, apoiar mulheres empresárias e mães não é apenas uma questão de equidade de gênero, mas também uma estratégia inteligente de desenvolvimento social e econômico”, enfatiza a empresária.
Para mais informações, basta acessar: Cristina Boner | LinkedIn
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