Realizar um transplante capilar nos dias atuais pode ser algo tão comum quanto fazer uma aplicação de Botox ou recorrer a uma drenagem linfática para perder peso. Somente em 2021, houve 703.183 restaurações capilares em todo o planeta, de acordo com o Practice Census 2022, o levantamento mais recente realizado pela Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS). Este número é resultado de um aumento de mais de 250% em comparação com 2010, quando aconteceram 279.381 procedimentos.
Avanços econômicos, aumento do interesse por mudanças estéticas e expansão das clínicas de restauração capilar poderiam facilmente servir de recorte para tentar explicar a explosão dos números a partir da última década. Mas, para os médicos especialistas nesses procedimentos, há um outro fator que também é imprescindível para a análise: os resultados garantidos pelas técnicas usadas atualmente.
“A verdade é que, antes da popularização da FUE [extração de unidade folicular, na sigla inglesa], os resultados eram de gosto duvidoso. Os procedimentos até amenizavam a ausência de cabelo, mas ainda evidenciavam o problema”, conta a médica e especialista em cirurgia de transplante capilar Melina Oliveira. “Por isso, muitas pessoas se sentiam estigmatizadas. O resultado chamava a atenção de uma forma negativa”, lembra.
Já a partir da FUE, como observa a especialista, os efeitos passaram a ser mais naturais. “É uma tarefa árdua diferenciar visualmente alguém que não tem problemas com calvície de outra que tenha passado por um transplante capilar. A FUE, que consiste na coleta individual de unidades que serão transplantadas para regiões calvas, revolucionou a forma como o transplante capilar é encarado hoje”, aponta Melina Oliveira.
Duas das vantagens da técnica consistem no fato de ser pouco invasiva e, portanto, ter uma recuperação mais rápida. Tanto que, de acordo com a própria pesquisa da ISHRS, 75,5% dos transplantes feitos nos homens em todo o mundo em 2021 foram a partir da extração de unidades foliculares. Nas mulheres, esse índice chegou a 57%.
“É exatamente por proporcionar um resultado estético eficiente que a FUE caiu nas graças de quem sofre com a calvície e com outras doenças capilares. Mas houve um avanço tão grande no setor que hoje conseguimos explicar claramente por que os pacientes estão mais interessados no procedimento”, opina a médica especialista em cirurgias de transplante capilar.
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