
Dois dias após anunciar sua pré-candidatura à Presidência da República para 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu, neste domingo (7/12), que pode desistir da disputa. A declaração foi dada após sua participação em um culto na Igreja Comunidade das Nações, em Brasília, durante o primeiro ato público desde que lançou seu nome à corrida eleitoral. Flávio afirmou ter um “preço” para abrir mão da pré-candidatura, mas evitou esclarecer qual seria a contrapartida, prometendo detalhar o assunto apenas nesta segunda-feira (8/12).
Questionado sobre a possibilidade de que esse “preço” estivesse relacionado à anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe, o senador foi evasivo. Disse que a anistia não seria o único fator e incentivou especulações sobre o tema, pedindo que a imprensa e o público considerassem “o que está em jogo” no país. Apesar de não confirmar a relação direta, voltou a defender que o Congresso vote a proposta de anistia, cobrando dos presidentes da Câmara e do Senado que cumpram compromissos anteriores.
Flávio também comentou a decisão recente do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que restringe ao Ministério Público a prerrogativa de propor processos de impeachment contra ministros da Corte. O senador classificou a medida como uma forma de “blindagem”, afirmando que o Senado fica mais vulnerável diante desse cenário, embora tenha negado intenção de tensionar institucionalmente.
Ao ser perguntado sobre a reação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após sua entrada na disputa presidencial, Flávio elogiou o ex-ministro e descreveu o encontro como “franco e sincero”. O gesto foi interpretado como um afago político, já que Tarcísio é apontado como um dos nomes mais fortes para suceder Bolsonaro no eleitorado conservador. Flávio, entretanto, indicou que vê o governador concentrado na reeleição e afirmou acreditar que o grupo político ganhará novamente em São Paulo.
O evento religioso do qual o senador participou foi conduzido pelo bispo J.B. Carvalho, autor do livro entregue por Flávio ao pai na carceragem da Polícia Federal após sua prisão. A relação entre a igreja e a família Bolsonaro não é recente: durante o governo do ex-presidente, o bispo chegou a participar de cerimônias oficiais no Palácio do Planalto.
A pré-candidatura de Flávio movimenta disputas internas no entorno do ex-presidente, especialmente após críticas públicas de Michelle Bolsonaro a articulações políticas envolvendo o PL no Ceará. A definição sobre o futuro da pré-campanha, no entanto, permanece em aberto até o anúncio prometido pelo senador.
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