
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), mas o parlamentar já estava fora do país quando a ordem foi expedida. A informação foi divulgada pela TV Globo nesta sexta-feira (21). Condenado a 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) deixou o Brasil em setembro, logo após a Primeira Turma do STF concluir o julgamento do núcleo central da articulação golpista que envolveu também o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A decisão de Moraes previa que todos os réus entregassem seus passaportes e permanecessem proibidos de sair do país. No entanto, uma reportagem publicada na quarta-feira (19) pelo site Platô mostrou Ramagem circulando em Miami, nos Estados Unidos, na companhia da família. O veículo divulgou uma foto do deputado caminhando por um condomínio de luxo, onde as diárias chegam a R$ 2 mil.
De acordo com a apuração, Ramagem teria partido de avião para Boa Vista (RR) e seguido viagem por terra até a fronteira, cruzando para a Venezuela ou a Guiana em um carro alugado. A Polícia Federal havia solicitado sua prisão preventiva, e Moraes acatou o pedido antes mesmo da divulgação pública do paradeiro do parlamentar.
A Câmara dos Deputados informou que Ramagem não comunicou sua saída do país e nem pediu licença para se ausentar. Entre setembro e dezembro, ele apresentou atestados médicos. Mesmo no exterior, o deputado participou remotamente de votações, incluindo a aprovação do projeto de lei Antifacção, na terça-feira (18).
Delegado da Polícia Federal e ex-chefe da Abin, Ramagem se tornou réu após a Primeira Turma do STF aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República. Para os investigadores, ele atuou na estruturação de estratégias que embasaram discursos golpistas do então presidente Jair Bolsonaro, voltados a desacreditar o processo eleitoral após a derrota em 2022. A PGR também aponta a participação de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na disseminação de informações falsas.
No STF, Ramagem negou envolvimento na trama e pediu a rejeição das acusações, alegando que havia deixado o governo em março de 2022 para concorrer às eleições.
Com a ordem de prisão em vigor e o deputado fora do país, a Polícia Federal deve intensificar esforços para localizar o parlamentar e acionar mecanismos de cooperação internacional, caso necessário.
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