
No dia 16 de outubro, tive a oportunidade de palestrar sobre este tema no Compol em Vitória, no Espírito Santo – o maior evento de comunicação política e institucional do Brasil. Expliquei como, muitas vezes, governos se prendem ao monólogo — aquela comunicação unilateral, em que se fala muito, mas se escuta pouco. É um modelo que até gera barulho, mas não gera compreensão, porque deixa de lado a troca com a sociedade e com a imprensa. Na ocasião, comparei a um monólogo teatral, que pode ser belo e intenso, mas é sempre solitário: um ator fala sozinho, sem resposta da plateia. O mesmo ocorre no monólogo institucional — governos que comunicam sem escuta, que despejam informações sem troca. E, assim como no teatro, quando não há diálogo, a mensagem se perde.
A imprensa, ao contrário do que alguns gestores ainda acreditam, não é inimiga. É ponte. É ela quem traduz as ações do governo, questiona, dá contexto e legitima narrativas coletivas. Quando um prefeito ou uma instituição decide se fechar, perde a chance de explicar e de construir confiança. Foi isso que destaquei no evento: governos que entendem a imprensa não se enfraquecem, se fortalecem.
O diálogo exige transparência, preparo e constância. Não basta dar entrevistas apenas em momentos de crise; é preciso cultivar uma rotina de prestação de contas, falar de forma clara e treinar porta-vozes. Nos exemplos que trouxe, vimos como algumas prefeituras conseguiram transformar críticas em oportunidade de esclarecimento, enquanto outras, ao tentar esconder informações, apenas ampliaram a desconfiança.
Se há uma lição que defendo é esta: imprensa não é obstáculo, é instrumento de cidadania. Governos que adotam o diálogo conquistam legitimidade e ampliam sua credibilidade. E foi exatamente isso que busquei demonstrar no Compol: não se trata de falar mais, mas de falar melhor — com transparência, com dados e, principalmente, com disposição para ouvir.
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