Moradores de Brumadinho e de outras comunidades da bacia do rio Paraopeba realizaram um protesto nesta quinta-feira (25) em frente à sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte. O ato foi organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e teve como objetivo pressionar pela manutenção do Programa de Transferência de Renda (PTR), auxílio emergencial destinado às famílias afetadas pelo rompimento da barragem da Vale, em 2019.
O benefício, que movimentou R$ 4,4 bilhões acrescidos de R$ 1,3 bilhão em rendimentos financeiros, deve ser encerrado em outubro deste ano, por esgotamento dos recursos. A decisão preocupa moradores que afirmam não ter condições de garantir alimentação, medicamentos e moradia sem o repasse.
Entre os manifestantes estava a aposentada Maria das Graças Santos, de 78 anos, que classificou a situação como desesperadora. “É muito ruim ficar sem nenhum auxílio, pois tem gente que depende desse dinheiro. Temos muitas pessoas passando fome porque não têm nada, e esse dinheiro ajuda nisso”, disse. Ela também destacou que o valor recebido ajuda a movimentar o comércio local, em meio à alta nos preços desde a tragédia.
Outro depoimento veio da auxiliar de serviços Ilza Ribeiro, de 59 anos. Para ela, o encerramento do programa afetará diretamente a sobrevivência das famílias. “Quem vivia da pesca, da plantação e de tudo que dependesse do solo e do meio ambiente foi comprometido. Ele era um alento. Agora? Nem isso”, afirmou.
Durante reunião com representantes do TJMG, o coordenador estadual do MAB, Joceli Andrioli, alertou para o impacto social da interrupção do auxílio. “A falta de repasse pode significar fome e endividamento. A Política Nacional de Atingidos por Barragem garante auxílio emergencial até que a reparação definitiva seja concluída”, disse.
A deputada estadual Bela Gonçalves (PSOL) também participou do ato e defendeu a prorrogação dos pagamentos como uma medida de proteção aos direitos das vítimas. “Já se passaram mais de seis anos e até hoje ninguém foi responsabilizado. O auxílio é fundamental diante da ausência de reparação plena e da permanência do sofrimento dessas comunidades”, declarou.
O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019, provocou a morte de 270 pessoas, incluindo duas mulheres grávidas. A lama destruiu comunidades inteiras, comprometeu a bacia do rio Paraopeba e deixou impactos ambientais, sociais e econômicos que ainda afetam milhares de famílias em Minas Gerais.
Informações: Jornal O Tempo
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