Quatro ex-governadores de Minas Gerais se manifestaram oficialmente contra a decisão do governo estadual que permite a locação do Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, para eventos privados. Em carta encaminhada ao atual governador, Romeu Zema (Novo), Eduardo Azeredo, Aécio Neves, Antonio Anastasia e Fernando Pimentel classificaram a medida como preocupante e contrária à preservação da tradição do espaço histórico.
O documento foi divulgado nesta quarta-feira (24), cinco dias após a Fundação Clóvis Salgado publicar portaria autorizando a utilização de áreas internas e externas do prédio para diferentes tipos de eventos. A nova regulamentação possibilita o aluguel de espaços como o hall de entrada, escadaria principal, salas históricas e jardins, que poderão ser usados para casamentos, aniversários, confraternizações, lançamentos de produtos e produções audiovisuais, além de ações institucionais e culturais.
Os ex-governadores afirmam que receberam a notícia com “inegável surpresa” e argumentam que a decisão ameaça a função simbólica do Palácio, antiga sede do governo mineiro e residência oficial de diversos chefes do Executivo. Para eles, permitir a exploração privada do local significa afastá-lo de sua essência como patrimônio público.
Na carta, os signatários destacam que o edifício, hoje parte do Circuito Liberdade, já recebeu eventos de caráter cultural e social, mas sempre com organização oficial e reconhecido interesse público. O temor é que, com a abertura para a iniciativa privada, ocorra uma “banalização” do espaço e um esvaziamento de seu papel histórico.
“Na prática, assistiremos à privatização do uso do Palácio, na contramão do simbolismo adquirido pela edificação ao longo da história, qual seja, o de representar, com altivez, a defesa dos valores de Minas”, escreveram os ex-governadores. O documento ressalta ainda que a manifestação conjunta extrapola divisões partidárias, já que reúne nomes do PSDB e do PT.
A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e a Fundação Clóvis Salgado foram procuradas para comentar a crítica dos ex-governadores. Até o momento, não houve manifestação oficial do governo sobre o assunto.
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