Uma comitiva de parlamentares brasileiros desembarcou em Roma, na manhã desta sexta-feira (19), para visitar a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), presa desde o fim de julho na capital italiana. O grupo é formado pelos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Girão (Novo-CE), Magno Malta (PL-ES) e Damares Alves (Republicanos-DF). Segundo informações das assessorias, todas as despesas da viagem — incluindo passagens e hospedagem — foram custeadas pelos próprios parlamentares. O retorno ao Brasil está previsto para domingo (21).
De acordo com a equipe de Girão, a viagem tem caráter de “visita humanitária”, com o objetivo de acompanhar de perto a situação de Zambelli e prestar solidariedade. Além da visita à deputada, os senadores devem manter encontros com parlamentares italianos, na tentativa de dialogar com autoridades do país. A comitiva também pretende defender a possibilidade de que Zambelli possa responder ao processo em liberdade enquanto aguarda decisão judicial.
A deputada está detida no complexo penitenciário de Rebibbia, em Roma, após a Justiça italiana decidir pela manutenção de sua prisão durante o trâmite do processo de extradição. O pedido de sua defesa para que pudesse aguardar em liberdade foi negado no mês passado. O argumento apresentado envolvia questões de saúde, mas não foi aceito pelo tribunal.
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão por envolvimento no episódio de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), realizado pelo hacker Walter Delgatti Neto. Segundo as investigações, a deputada teria colaborado na tentativa de forjar um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. Ela chegou a divulgar imagens com Delgatti em Brasília, depois de levá-lo ao Palácio da Alvorada para um encontro com o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além dessa condenação, Zambelli acumula outra decisão do STF, de agosto deste ano, que a sentenciou a 5 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O caso remonta às eleições de 2022, quando a parlamentar perseguiu um homem armado em São Paulo, episódio amplamente divulgado na época. A defesa nega irregularidades e sustenta que ela tinha autorização para portar o armamento, mas ainda pode recorrer da decisão.
Paralelamente, tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados o processo que pode resultar na cassação do mandato de Zambelli. A fase atual envolve a oitiva de testemunhas indicadas pela defesa. Na semana passada, a deputada participou por videoconferência de uma audiência e protagonizou embates com Walter Delgatti, a quem chamou de “mitomaníaco”. O hacker reiterou suas acusações contra a parlamentar.
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