Segundo documentos da investigação, aos quais a imprensa teve acesso, Hidelbrando é suspeito de integrar o núcleo operacional de uma organização criminosa que utilizava empresas de fachada para dar aparência de legalidade às atividades. Entre os nomes citados está Gilberto Henrique Horta de Carvalho, também filiado ao PL, que até poucos dias antes da operação trabalhava no gabinete do vereador Uner Augusto (PL), em Belo Horizonte. Gilberto é apontado como responsável pela articulação financeira do grupo e sócio em algumas empresas junto ao vice-prefeito.
A Justiça Federal determinou o sequestro de bens e imóveis ligados a Hidelbrando, além da apreensão de veículos e a suspensão das atividades da BRAVA Mineração, da qual ele é sócio. Em interceptações telefônicas, o político teria aparecido negociando atos de corrupção e participando de conversas em um grupo de mensagens usado para tratar das operações da organização.
O vice-prefeito pertence a uma família tradicional da política local. Filho de Gláucia Santiago (PL), ex-vice-prefeita de Itaúna e suplente de deputada federal, ele é neto do ex-prefeito e ex-deputado estadual Hidelbrando Canabrava Rodrigues e sobrinho do vereador José Humberto Santiago Rodrigues, conhecido como Beto do Bandinho (PL).
Em nota, a Prefeitura de Itaúna confirmou a exoneração de Hidelbrando do cargo de secretário de Meio Ambiente e destacou que os fatos investigados dizem respeito a questões pessoais, sem relação com a administração municipal. “Ressaltamos que o momento atual se refere a uma fase investigativa, sem qualquer condenação ou decisão judicial com trânsito em julgado. O Sr. Hidelbrando Neto, como qualquer cidadão, tem garantido o direito constitucional à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência”, declarou o município.
A gestão municipal ainda reforçou que “eventuais condutas individuais não refletem a postura nem os princípios que norteiam esta administração”. O prefeito Gustavo Mitre (Republicanos) não se manifestou publicamente até o fechamento desta reportagem.
O vereador Uner Augusto também emitiu nota sobre a prisão de Gilberto Henrique Horta de Carvalho, exonerado de seu gabinete 15 dias antes da operação. Ele afirmou que a contratação se deu por critérios técnicos e que não há qualquer vínculo entre os trabalhos desempenhados pelo ex-assessor e as investigações em curso. “Confio que as autoridades competentes conduzirão as apurações com rigor, assegurando transparência, responsabilidade e o devido processo legal”, afirmou.
Mín. 17° Máx. 31°