O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, comentou nesta segunda-feira (15) o cancelamento do depoimento de Antônio Carlos Camilo, conhecido como “Careca do INSS”. Segundo o parlamentar, o episódio gerou frustração, mas não deve comprometer o andamento dos trabalhos da comissão.
Para Viana, a ausência do depoente teve como objetivo enviar recados a antigos aliados e apoiadores políticos. “Ele se sentiu abandonado quando foi preso e está dando um aviso de que pode revelar o esquema se continuar sem apoio”, avaliou o senador.
O parlamentar reforçou que, apesar do cancelamento, a CPMI já dispõe de instrumentos relevantes para aprofundar as apurações. Entre eles, destacou a quebra dos sigilos fiscal e telefônico de Camilo, medida que permitirá rastrear movimentações financeiras, pagamentos realizados, viagens internacionais e possíveis tentativas de ocultação de recursos. “Com os extratos bancários, teremos condições de identificar com clareza todo o dinheiro movimentado e para onde ele foi direcionado”, afirmou.
De acordo com Viana, a comissão também concentra esforços na análise de informações relacionadas a outros investigados, como Maurício Camisote, além de empresários e dirigentes de entidades que teriam participado no esquema de desvio de recursos da Previdência.
Ainda nesta segunda-feira, às 16h, o senador convocou reunião com os líderes da CPMI, integrantes do governo, da oposição e o relator, para definir os próximos passos da investigação. A expectativa é de que, já na quinta-feira, sejam votadas novas convocações, incluindo ex-diretores do INSS, representantes de sindicatos e responsáveis por empresas apontadas como beneficiárias das fraudes.
Viana reconheceu que o processo exige paciência e cautela, mas garantiu que a comissão tem recursos suficientes para cumprir seu papel. “A CPMI tem poder de polícia para sustentar um relatório sólido, baseado em provas, e apontar de forma clara as responsabilidades pelos crimes cometidos”, concluiu.
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