O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne nesta segunda-feira (8/9) com líderes dos países integrantes do Brics em encontro virtual que terá a participação do presidente russo, Vladimir Putin. A reunião foi convocada pelo governo brasileiro e ocorre em um contexto de críticas recentes do ex-presidente norte-americano Donald Trump ao grupo, especialmente em razão da aproximação de Rússia, Índia e China.
Durante o encontro, os países devem abordar o chamado “tarifaço”, uma política de tarifas externas que tem gerado discussões sobre negociações comerciais bilaterais lideradas pelos Estados Unidos. A expectativa é que a cúpula reforce o apelo pelo multilateralismo nas relações econômicas e busque alternativas para reduzir a dependência do dólar.
Na última semana, Trump criticou publicamente o bloco, afirmando que Índia e Rússia estariam alinhadas com a China, em referência à aproximação dos países na Organização de Cooperação de Xangai. Para especialistas, essa postura pode colocar o Brasil em evidência, dado seu papel na formulação de iniciativas do Brics que buscam criar um sistema comercial mais equilibrado.
Segundo o professor Adriano Gianturco, do Ibmec-BH, eventuais sanções ou pressões econômicas vindas dos Estados Unidos podem afetar diretamente o Brasil, que tem buscado fortalecer relações comerciais com a China e apoiar medidas de integração econômica entre os membros do Brics. “Ao liderar declarações de oposição à abordagem bilateral dos EUA, o Brasil se expõe em termos de política econômica internacional”, explicou.
O professor Evandro Menezes de Carvalho, especialista em direito internacional da FGV e da UFF, acrescentou que o debate sobre tarifas no Brics e encontros com líderes globais podem gerar consequências diplomáticas, mas destacou que negociações multilaterais buscam reduzir a vulnerabilidade econômica de países emergentes. Segundo ele, uma política externa que diversifique parceiros comerciais é fundamental para o desenvolvimento do país.
O bloco do Brics tem investido em iniciativas como a ampliação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e outras formas de cooperação econômica, com o objetivo de criar alternativas ao domínio do dólar e estabelecer um sistema de comércio internacional mais equilibrado para economias emergentes. A reunião desta segunda-feira é considerada estratégica para consolidar o papel do Brasil dentro do bloco e fortalecer o diálogo multilateral.
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