A Rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, deixou de ser apenas uma via residencial para se tornar símbolo de um trauma profundo para trabalhadores da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Foi ali que, em 11 de agosto, o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi morto a tiros enquanto exercia sua função. O crime, que chocou a cidade, teve como autor confesso o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, preso dias depois.
Diante da gravidade do episódio, a SLU confirmou que dois garis que atuavam com Laudemir tiveram a rota alterada, a pedido deles, para que não precisassem retornar ao local da tragédia. A medida foi adotada pela Localix, empresa terceirizada que presta serviços para a Prefeitura de Belo Horizonte. Outros dois integrantes da equipe, incluindo a motorista, estão de férias, mas também devem ser realocados. A coleta na rua segue normalmente, agora realizada por outros profissionais.
Um dos garis que presenciou o crime, Tiago Rodrigues, de 38 anos, relatou a dificuldade de retornar ao trabalho no local. Ele afirmou ter visto toda a cena, contestando a versão de disparo acidental apresentada pelo suspeito. Segundo Rodrigues, o atirador teria feito movimentos que demonstravam intenção, mirando contra os trabalhadores antes de disparar.
Laudemir era descrito pelos colegas como um homem alegre, dedicado e responsável, conhecido por chegar cedo e preparar o café da equipe. Sua morte levantou questionamentos entre os garis sobre o discurso do suspeito de se apresentar como “patriota”.
A SLU informou que a empresa terceirizada responsável pela equipe disponibilizou acompanhamento psicológico aos trabalhadores que atuavam ao lado de Laudemir. O caso segue em investigação pelas autoridades.
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