O cessar-fogo entre Israel e Irã, mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a vigorar nesta terça-feira (24), mas já se mostra instável. Logo nas primeiras horas da trégua, ambos os países realizaram novos ataques e trocaram acusações mútuas de violação do acordo. Em declaração oficial, Trump afirmou que tanto Israel quanto Irã romperam os termos da trégua anunciada no dia anterior e demonstrou insatisfação com os dois lados do conflito.
A suspensão dos confrontos, que previa uma pausa alternada de 12 horas entre os dois países, surgiu após semanas de hostilidades iniciadas por um ataque israelense em 13 de junho. Apesar do anúncio formal da trégua, os conflitos continuaram: mísseis iranianos atingiram Beersheba, no sul de Israel, matando quatro pessoas, enquanto sirenes voltaram a soar no norte israelense após novos disparos. Em resposta, Israel lançou três ofensivas em território iraniano, segundo autoridades em Teerã, embora o governo israelense ainda não tenha confirmado oficialmente as ações.
Em meio à escalada, Trump embarcou para a cúpula da Otan, declarando-se descontente com a atitude de ambos os envolvidos, apesar de ter promovido a trégua como parte de uma tentativa de pacificação. Pouco antes da entrada em vigor do cessar-fogo, os Estados Unidos já haviam atacado instalações nucleares iranianas, enfraquecendo significativamente a infraestrutura militar do país, de acordo com o Pentágono. A retaliação iraniana, por sua vez, foi vista como simbólica, com mísseis lançados contra uma base americana no Qatar, em um gesto mais político do que militar.
O governo iraniano negou envolvimento nos ataques posteriores ao início do acordo, mas o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou retaliações e voltou a afirmar que irá atingir não apenas alvos militares, mas também estruturas do regime iraniano. O conflito já resultou na morte de mais de 450 pessoas no Irã e 28 em Israel, além de milhares de feridos e deslocados.
Em paralelo, o Catar se envolveu nas discussões e sugeriu que as conversas possam ser estendidas para tentar viabilizar também uma trégua na Faixa de Gaza, onde o conflito entre Israel e o Hamas persiste desde os ataques de outubro de 2023. A situação no Oriente Médio segue tensa e incerta, com dúvidas sobre a viabilidade da trégua e a real intenção dos envolvidos em encerrar as hostilidades.
Enquanto isso, o Irã enfrenta dificuldades militares significativas, com perdas na capacidade de defesa antiaérea e de lançamento de mísseis de longo alcance. Embora mantenha força no Golfo Pérsico e com armamentos de curto alcance, o país já não conta com uma Força Aérea operante. Um pedido de ajuda feito à Rússia pelo chanceler iraniano resultou apenas em manifestações diplomáticas de apoio, sem garantias práticas, num momento em que o Kremlin também busca manter boa relação com os Estados Unidos devido à guerra na Ucrânia.
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