O 11º dia do conflito entre Israel e Irã foi marcado por novos bombardeios e por uma escalada de ameaças envolvendo também os Estados Unidos. Nesta segunda-feira (23), Israel realizou mais ataques aéreos contra alvos em território iraniano, incluindo instalações estratégicas em Fordo e a sede da Guarda Revolucionária em Teerã. Em resposta, o governo iraniano acusou Estados Unidos e Israel de cruzarem “uma linha vermelha” e alertou para possíveis desdobramentos graves na região.
A retaliação iraniana às ações americanas — iniciadas no domingo com bombardeios às usinas nucleares de Isfahan, Natanz e Fordo — pode incluir o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo exportado no mundo, além de ataques a bases militares dos EUA no Oriente Médio. A tensão diplomática se intensificou ainda mais com a confirmação de que o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, viajará a Moscou para se reunir com o presidente russo Vladimir Putin. O governo russo classificou os ataques americanos como “agressão” e prometeu apoio ao povo iraniano.
Enquanto isso, sirenes de alerta voltaram a ser acionadas em Israel, em meio ao lançamento de novos mísseis iranianos. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, agradeceu ao presidente americano Donald Trump pela ofensiva militar, que, segundo ele, provocou “danos monumentais” às instalações nucleares do Irã. Trump declarou que a operação foi bem-sucedida e sugeriu que, se o atual regime iraniano não conseguir "tornar o Irã grande novamente", uma mudança de governo pode ser necessária.
De acordo com dados oficiais, mais de 400 pessoas morreram no Irã desde o início do confronto, a maioria civis. Do lado israelense, os ataques iranianos deixaram ao menos 24 mortos. Ainda não há estimativas precisas sobre os danos nas centrais nucleares iranianas, mas imagens de satélite mostram alterações na paisagem de Fordo, sugerindo impacto estrutural relevante. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) solicitou acesso urgente aos locais atingidos para avaliar os efeitos dos ataques e o estado das reservas de urânio, que seguem sendo enriquecidas a níveis próximos dos exigidos para a produção de uma arma nuclear.
Apesar das declarações mais duras, a AIEA afirmou que não há, até o momento, evidência concreta de que o Irã mantenha um programa sistemático de armas nucleares. As negociações diplomáticas, que haviam sido retomadas recentemente com mediação de Omã, foram suspensas devido ao avanço do conflito.
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