O governo do Irã classificou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como traidor e declarou que qualquer cidadão americano no Oriente Médio passou a ser considerado um alvo legítimo de retaliação. A escalada de tensão ocorre após os bombardeios realizados pelos EUA contra as centrais nucleares iranianas de Isfahan, Natanz e Fordow, o que, segundo Teerã, representa uma violação sem precedentes do direito internacional e coloca diretamente os Estados Unidos na guerra entre Israel e o Irã.
Em coletiva de imprensa neste domingo (22), o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que seu país avalia uma série de respostas possíveis ao ataque, incluindo ofensivas contra alvos americanos na região e o fechamento do Estreito de Ormuz, rota estratégica para o escoamento de petróleo mundial. Araghchi também anunciou que viajará a Moscou nos próximos dias para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin. “Temos uma parceria estratégica e sempre coordenamos nossas posições”, afirmou.
O chanceler criticou diretamente o presidente norte-americano, acusando Trump de trair tanto o Irã, com quem mantinha negociações nucleares, quanto seus próprios eleitores, por romper promessas de campanha ligadas ao fim do envolvimento militar americano no exterior. Segundo Araghchi, a situação atual descarta qualquer abertura para negociações diplomáticas. “Estamos sob ataque e temos o direito legítimo de autodefesa. A diplomacia não é uma opção neste momento”, disse.
Com o aumento da tensão, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, foi levado a um local seguro e já teria designado possíveis sucessores, como medida preventiva diante do risco de novas ações por parte de Israel ou dos EUA. O governo iraniano declarou que responderá com “toda a força e todos os meios disponíveis” para proteger sua integridade territorial e sua segurança nacional.
Na mídia estatal iraniana, o discurso foi de indignação, e analistas chegaram a afirmar que todos os cidadãos ou militares americanos presentes no Oriente Médio seriam considerados alvos legítimos. Pouco após o bombardeio, o Irã respondeu lançando novos mísseis balísticos contra Israel, deixando ao menos 11 feridos, de acordo com informações preliminares.
A ofensiva norte-americana, realizada na noite de sábado (horário de Brasília), utilizou aviões B-2 e bombas do tipo “bunker buster”, projetadas para atingir instalações subterrâneas como as de Fordow e Natanz. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que não houve vazamento de radiação após os ataques e convocou uma reunião emergencial para tratar da crise.
Imagens de satélite reveladas pelo jornal The New York Times mostraram movimentação incomum nos arredores de Fordow nos dias que antecederam o ataque, o que pode indicar que o Irã já esperava uma possível investida.
Após o bombardeio, Trump publicou em sua rede social que a missão havia sido bem-sucedida. “Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã”, escreveu. Em breve pronunciamento feito horas depois, o presidente declarou: “Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã”.
A situação ainda é considerada instável por observadores internacionais, e as próximas movimentações do Irã, bem como a reunião com autoridades russas, podem definir os rumos do conflito.
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