Diante da escalada do conflito entre Israel e Irã, a comitiva de autoridades brasileiras que está em território israelense vive momentos de tensão e incerteza sobre o retorno ao Brasil. Uma operação de retirada está prevista para esta segunda-feira (16), pela manhã no horário local, mas o grupo está dividido. Enquanto parte dos prefeitos, vice-prefeitos e secretários planeja deixar o país por via terrestre, cruzando a fronteira com a Jordânia, outra parte prefere aguardar por uma alternativa mais segura, com receio dos riscos ao longo do trajeto.
Entre os que optaram por esperar está o vice-prefeito de Uberlândia, Vanderlei Pelizer Pereira (PL). Segundo ele, o temor se concentra na ausência de abrigos ao longo do percurso até a Jordânia. “É uma viagem que pode durar entre uma hora e meia e quatro horas na estrada; em uma região onde o próprio representante do governo israelense nos avisou que não existe abrigo. Se formos para a viagem e começar um ataque, não teríamos onde nos esconder”, afirmou.
O grupo, que inclui 25 representantes de cidades brasileiras, viajou a convite para conhecer tecnologias e estratégias de segurança pública adotadas em Israel. Entre os integrantes está o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), que estaria entre os 13 políticos dispostos a seguir pelo caminho terrestre para retornar ao país.
No domingo, o senador Carlos Viana (Podemos), coordenador da frente parlamentar Brasil-Israel, afirmou que um acordo foi fechado com autoridades israelenses para escoltar os brasileiros até a fronteira com a Jordânia, onde seriam recebidos por representantes da Embaixada Brasileira e do governo jordaniano. Viana, no entanto, criticou o governo Lula (PT), alegando que a falta de um embaixador brasileiro em Israel tem prejudicado os esforços diplomáticos e atrasado a repatriação dos demais brasileiros. Segundo ele, o relacionamento atual do Brasil com Israel é visto como hostil pelo governo local.
A estratégia de retirada por terra ainda não foi oficialmente confirmada pelo governo federal, mas o Itamaraty já havia indicado, por meio de nota, que as negociações estavam em curso. Aqueles que optaram por permanecer em Israel alegam maior segurança nos bunkers, onde têm se abrigado diante dos alertas constantes de ataques aéreos. Nomes como o secretário de segurança de Porto Alegre, Alexandre Aragon, e a vice-prefeita de Florianópolis, Maryanne Mattos, estão entre os que decidiram aguardar.
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