Irã sinaliza trégua e diz que suspenderá ataques caso Israel também recue

A tensão no Oriente Médio permanece elevada neste domingo (15), mas o Irã deu o primeiro sinal de que pode interromper os ataques contra Israel, caso o governo de Tel Aviv também cesse suas ofensivas. A declaração veio do chanceler iraniano Abbas Araghchi, após a mais recente escalada do conflito, marcada por um ataque israelense ao campo de gás natural de Pars Sul, no Golfo Pérsico — área compartilhada entre o Irã e o Qatar.

O bombardeio israelense ocorreu no sábado (14) e mirou também refinarias estratégicas do país persa. Segundo Araghchi, os ataques são considerados uma “agressão flagrante” e um “erro estratégico grave”. Ainda assim, o chanceler afirmou que o Irã não deseja ver o confronto evoluir para uma guerra regional e que sua resposta foi uma “ação de autodefesa”. Ao menos 13 israelenses morreram em ataques iranianos com mísseis desde a última sexta-feira (13), quando Israel lançou uma ofensiva surpresa contra instalações nucleares iranianas, matando mais de 20 oficiais da alta cúpula militar de Teerã.

Apesar do tom moderado da declaração oficial iraniana, o conflito segue se expandindo de maneira indireta por meio de aliados regionais de Teerã. Os rebeldes houthis, que controlam grande parte do Iêmen com apoio do Irã, afirmaram neste domingo que participaram pela primeira vez de um ataque coordenado contra Israel, lançando mísseis durante a madrugada. O grupo tem sido responsável por repetidas ações contra navios no mar Vermelho desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, e agora amplia sua atuação militar no apoio direto à causa iraniana.

Outros aliados do Irã, como o Hezbollah no Líbano, têm enfrentado baixas significativas desde o início do conflito em Gaza e atualmente operam com capacidade reduzida. A queda do regime de Bashar al-Assad na Síria também enfraqueceu a logística regional de Teerã, enquanto milícias pró-iranianas no Iraque seguem com ação limitada.

Do lado israelense, o governo de Binyamin Netanyahu mantém o discurso firme e promete continuar a ofensiva. Um dos motivos alegados para os bombardeios recentes é o impasse nas negociações para um novo acordo nuclear com o Irã. Araghchi, por sua vez, acusa Netanyahu de tentar sabotar as conversas, que seguem em andamento com mediação de Omã. O chanceler também responsabilizou os Estados Unidos pelos ataques: “Essa agressão só ocorreu com a luz verde e o apoio direto dos EUA”, declarou.

Embora o Irã ainda não tenha confirmado alvos americanos, Araghchi indicou que o país só atacaria forças dos EUA se tiver provas de que estão impedindo sua retaliação contra Israel. Há relatos não confirmados de que navios de guerra americanos ajudaram a interceptar mísseis iranianos nos últimos dias.

O ex-presidente Donald Trump, em postagem na rede Truth Social neste domingo, afirmou que os EUA não participaram diretamente do ataque israelense, mas fez um alerta: “Se formos atacados de qualquer forma, a força total e o poderio das Forças Armadas dos EUA cairão sobre vocês [iranianos] em níveis nunca vistos”. Apesar do tom beligerante, Trump também mencionou a possibilidade de intermediar um acordo entre Israel e Irã para pôr fim ao conflito, sem, no entanto, apresentar qualquer proposta concreta.