A confirmação de um foco de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), levou à suspensão imediata das exportações brasileiras de carne de frango para a União Europeia e a China. A medida segue os protocolos internacionais acordados previamente entre os países importadores e o Brasil, segundo informou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Trata-se do primeiro registro da doença em um sistema de produção comercial no país. Desde 2023, o vírus havia sido identificado apenas em aves silvestres. Com a confirmação do surto na quinta-feira, 15 de maio, as autoridades sanitárias isolaram a granja, sacrificaram o plantel e iniciaram o monitoramento rigoroso de toda a região. Outro foco foi detectado no Zoológico de Sapucaia do Sul, a cerca de 50 quilômetros de Montenegro.
O impacto comercial é imediato. A União Europeia, responsável por aproximadamente 7% das exportações brasileiras de carne de frango, importou 229,9 mil toneladas do produto em 2024, movimentando US$ 655,3 milhões. Já a China, destino de cerca de 10,9% das exportações, também suspendeu os embarques por até 60 dias.
Fávaro explicou que países como Japão, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Reino Unido já possuem acordos atualizados com o Brasil e limitaram os embargos apenas à região afetada. “No caso do Japão, as exportações seguem normalmente, com exceção dos produtos originados do município de Montenegro”, afirmou o ministro, que também destacou a expectativa de ampliar esses acordos com outros países, buscando a chamada regionalização dos bloqueios.
Enquanto isso, a Argentina decidiu suspender temporariamente todas as importações de carne de frango brasileira, independentemente da origem do produto.
Do lado sanitário, o Ministério da Agricultura intensificou ações para evitar a disseminação do vírus para outras granjas comerciais. Toda a cadeia produtiva da granja contaminada foi rastreada e os ovos fertilizados, inutilizados.
No plano econômico, o governo estima que a suspensão das exportações provoque uma redução temporária no volume exportado, aumentando a oferta no mercado interno. Isso pode impactar os preços, tanto da carne de frango quanto dos ovos. “Com uma oferta mais abundante no Brasil, é possível que os preços recuem um pouco”, disse Fávaro.
Especialistas do setor avaliam que os efeitos do foco serão limitados, devido ao perfil mais pulverizado da avicultura brasileira e à curta duração do ciclo produtivo das aves. “Diferente do mercado de bovinos, que é mais concentrado e lento, o frango é produzido em cerca de 40 a 45 dias, o que permite uma recuperação mais rápida”, explicou Alcides Torres, CEO da Scot Consultoria.
O governo federal segue negociando com seus parceiros comerciais para restringir o impacto apenas à área diretamente afetada, com o objetivo de retomar os embarques o quanto antes e minimizar prejuízos ao setor.
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