O governo de Minas Gerais interditou o bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, sob a justificativa de manutenção dos equipamentos. A medida, de caráter temporário, gerou o redirecionamento de cerca de 200 cirurgias mensais para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, unidade já sobrecarregada por atendimentos de urgência e emergência.
O HMAL, que historicamente atua como retaguarda para o João XXIII em cirurgias ortopédicas e bucomaxilofaciais, agora opera de forma inversa, enviando pacientes ao pronto-socorro. Com isso, a unidade que já lida com emergências graves, como politraumatismos e tragédias de grande escala, passa a absorver também procedimentos eletivos.
A situação gerou críticas de servidores e representantes sindicais, que apontam o aumento das filas de espera por cirurgias, a superlotação e o risco de infecções devido ao prolongamento das internações. “Os pacientes chegam a aguardar até 14 dias por um procedimento. Isso é grave para a saúde e para o funcionamento da unidade”, destacou Neuza Freitas, diretora do Sindsaúde-MG.
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela administração do complexo, garante que os procedimentos transferidos são de baixa complexidade e não impactam a qualidade do atendimento. Em nota, afirmou que as cirurgias continuam sendo realizadas pela equipe do HMAL e que o João XXIII possui infraestrutura suficiente para absorver a demanda adicional.
Apesar dessa posição oficial, os deputados estaduais já questionaram a medida. Um ofício foi encaminhado à Secretaria de Estado de Saúde solicitando esclarecimentos sobre o fechamento do bloco cirúrgico e a previsão de retomada das atividades no HMAL. A possibilidade de uma audiência pública sobre o tema está sendo discutida na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Especialistas alertam que o aumento da carga no João XXIII pode comprometer sua capacidade de resposta em casos de tragédias ou desastres, como já demonstrado em episódios recentes, incluindo o rompimento da barragem em Brumadinho e o acidente na BR-116.
Fonte: O Tempo
Foto: Flavio Tavares / O Tempo
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