Cinco sócios do grupo econômico 123 Milhas foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por crimes como fraude, lavagem de dinheiro e infrações às relações de consumo. Entre os acusados estão dois gestores da empresa, apontados como responsáveis por práticas que causaram prejuízos milionários aos consumidores e credores. A denúncia ainda abrange irregularidades no processo de recuperação judicial e outras práticas fraudulentas.
Segundo o MPMG, os sócios, cientes da insolvência financeira do grupo desde o final de 2022, mantiveram as operações ativas de forma dolosa para desviar recursos e adquirir a Max Milhas, consolidando a posição de domínio no mercado de viagens emitidas com milhas.
A investigação aponta que as práticas criminosas ocorreram ao longo de mais de um ano, antes da suspensão da linha Promo e do pedido de recuperação judicial, em agosto de 2023. Durante esse período, o grupo continuou vendendo pacotes promocionais, mesmo sabendo da inviabilidade de cumprir os contratos, prejudicando mais de 500 mil consumidores, com perdas superiores a R$ 1 bilhão.
Além disso, mais de 800 mil credores sofreram prejuízos acumulados de R$ 2,4 bilhões. O MPMG acordou ainda três modalidades principais de fraude: distribuição fraudulenta de dividendos no valor de R$ 26 milhões, criação de uma confusão administrativa e financeira para gerar um crédito de R$ 100 milhões em favor de uma holding de restauração judicial e a aquisição da aquisição Max Milhas utilizando recursos da caixa da própria empresa adquirida.
Outras práticas fraudulentas envolveram o favorecimento de credores próximos aos denunciados, com pagamentos que ultrapassaram R$ 24 milhões, e a lavagem de mais de R$ 11 milhões por meio de uma empresa de publicidade ligada ao grupo.
Resposta e posicionamento da empresa
Em nota, o grupo 123 Milhas negou a prática de qualquer crime ou má-fé contra clientes e credores. A empresa declarou estar focada na elaboração do plano de recuperação judicial e ressaltou que tem colaborado com as autoridades.
"O Grupo 123 Milhas nega que tenha praticado qualquer crime ou que tenha agido de má-fé contra clientes, parceiros e fornecedores. Neste momento, o Grupo está focado em apresentar o seu plano de recuperação judicial no prazo estipulado pela Justiça. Desde o início , seus gestores têm contribuído com as autoridades, prestando as informações possíveis, em linha com os seus compromissos de transparência e ética", afirmou a empresa em comunicado oficial.
Ainda segundo a nota, as empresas do grupo continuam operando normalmente e têm como objetivo principal gerar recursos para quitar suas obrigações financeiras. O texto destacou que o grupo embarcou quase 3 milhões de pessoas nos últimos 14 meses e que muitos clientes voltaram a utilizar seus serviços, evidenciando confiança na operação.
A denúncia do Ministério Público pode resultar em penas que chegam a 30 anos de prisão para os acusados, além de um pedido de indenização de R$ 30 milhões em favor da sociedade. Enquanto isso, os processos individuais para ressarcimento de consumidores prejudicados seguem tramitando na Justiça especializada.
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