Os ganhos de produtividade são o grande motor do crescimento de longo prazo. Com esta frase, a economista Zeina Latif abriu o Best Practice Day 2024, Conferência Internacional de Excelência Operacional promovida pela Consultoria Staufen, nos dias 18 e 19 de junho, no Centro de Convenções Santo Amaro, em São Paulo.
Com recorde de público desde a sua última edição no Brasil, em 2019, centenas de executivos, gestores e líderes de grandes empresas nacionais e multinacionais estiveram presentes nos dois dias de evento, que contou com apresentações de executivos de gigantes como Embraer, Suzano, Gerdau, Siemens Energy, BRF, São Martinho, Grupo Carrefour, WEG, Marcopolo, Construtora Tenda, CI&T, Dürr Brasil, Agrosuper, entre outras. A agenda incluiu dezenas de palestras, fóruns de debate, workshops e visitas guiadas a empresas parceiras de boas práticas. O evento também trouxe o autor canadense e mentor de executivos Pascal Dennis, que compartilhou com o público seus aprendizados descritos em dois de seus principais livros: "Getting the right things done" ("Fazendo acontecer a coisa certa") e "Harnessing Digital Disruption" ("Dominando a Disrupção Digital").
Segundo a economista, a baixa produtividade é resultado do ambiente hostil em que estão inseridas as empresas no Brasil, lidando com dificuldades como infraestrutura precária, contencioso tributário e judicialização excessiva, o que acaba desviando o foco da gestão. "As empresas precisam investir hoje em ganhos de produtividade para fortalecer sua resiliência”, avalia Latif.
Melhorar as operações impacta diretamente o resultado do negócio
Segundo André Machado, CFO da Siemens Energy no Brasil, a jornada de excelência operacional que a empresa iniciou em 2020, quando começou a desenhar seu novo modelo de gestão, já resultou em melhorias significativas nos prazos de entrega e na produtividade da subsidiária brasileira. “Isso, sem dúvida, contribuiu para transformar a rentabilidade da companhia de negativa para positiva em poucos anos", avalia Machado.
De acordo com o vice-presidente de operações da Embraer, Luis Carlos Marinho, em 2007, a empresa enfrentava um período financeiro bastante positivo com muitas vendas, mas sofria com dificuldades na entrega de aeronaves. "Foi dessa necessidade de melhorar as entregas que surgiu o Programa de Excelência Empresarial da Embraer, o P3E, que está em vigor há 16 anos devido aos excelentes resultados que alcançamos. Desde então, com o suporte desse programa, conseguimos expandir significativamente em outros mercados além da aviação comercial, como defesa e aviação executiva", comenta o VP.
No caso da brasileira WEG, fundada em 1961 em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, e hoje uma das maiores fabricantes globais de equipamentos elétricos, o crescimento do lucro líquido tem sido atribuído, entre outros fatores, à eficiência das operações no Brasil e no exterior. Segundo Sérgio Wonczewski, diretor de operações da WEG Motores, o modelo atual de gestão permite monitorar os parâmetros de produtividade e eficiência, identificando o nível de maturidade de cada fábrica ao redor do mundo, garantindo assim ações precisas para cada uma delas. "O segredo da WEG está na combinação de melhorias contínuas com o desdobramento de custos, o que reduz o custo de transformação e, consequentemente, melhora o resultado financeiro", explica.
Para Dário Spinola, diretor geral da Consultoria Staufen no Brasil, organizadora da conferência, o aumento de rentabilidade através da melhoria da eficiência e da inovação para o crescimento sustentável está ao alcance de todas as empresas, sejam industriais ou de serviços, grandes ou pequenas. “Os investimentos em Excelência Operacional são baixos e os retornos podem ser altíssimos. Investir na melhoria da gestão dos processos e no desenvolvimento das pessoas faz toda a diferença para as empresas, como pudemos observar aqui hoje. Não dá para ficar de fora”, conclui o diretor da Staufen.
Alto custo de mão de obra também impacta a competitividade brasileira
Ainda segundo a economista Zeina Latif, o alto custo da mão de obra brasileira é outro fator que impacta a competitividade. “A agenda de redução do custo da mão de obra deveria ser o próximo passo para o Brasil, já que esta pode ser uma importante vantagem competitiva para o país, que não possui uma sofisticação tecnológica para competir internacionalmente. Para isso, é preciso reduzir a carga tributária sobre a folha, o que só será possível com contenção de gastos”, avalia a economista.
Ela também destaca a importância de os executivos terem momentos para refletir e trocar experiências fora de seus escritórios, visando o longo prazo. “A competitividade é o grande tema do Brasil, e não será o setor público que irá guiar o caminho. É o setor privado que deve liderar, inclusive para ajudar a moldar políticas públicas. Empresas conscientes de seus desafios e vulnerabilidades conseguem gerar demandas para ajustes nas políticas públicas. Não será um burocrata sentado em seu gabinete que saberá o que é melhor para o setor produtivo. Fomentar esse debate é um ingrediente essencial”, conclui a economista.
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