
A oposição no Congresso Nacional avalia apresentar um novo pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, além de defender a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), após revelações sobre uma suposta atuação informal do magistrado junto ao Banco Central em favor do Banco Master, controlado pelo empresário Daniel Vorcaro.
As articulações ganharam força após informações divulgadas pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. De acordo com a reportagem, Alexandre de Moraes teria feito ao menos quatro contatos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar de interesses relacionados ao Banco Master. As conversas teriam ocorrido durante a análise da proposta de aquisição da instituição pelo Banco de Brasília, operação que acabou sendo rejeitada pelo BC em setembro.
Segundo a publicação, o contexto das tratativas chamou atenção porque o Banco Central já havia identificado indícios de irregularidades relevantes na instituição financeira, o que pesou na decisão de negar a operação. Paralelamente, veio a público a informação de que o escritório de advocacia da esposa do ministro, Viviane Barci, mantém contrato de prestação de serviços com o Banco Master, com valor mensal estimado em R$ 3,6 milhões e vigência de três anos.
As suspeitas sobre o banco se intensificaram após investigações da Polícia Federal, que apontaram o repasse de cerca de R$ 12,2 bilhões em créditos do Banco Master para o BRB, envolvendo títulos considerados inexistentes ou sem lastro. As apurações resultaram na prisão de Daniel Vorcaro e de outros executivos da instituição financeira.
Diante do que parlamentares classificam como “fato novo”, lideranças da oposição passaram a articular duas frentes de investigação. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) declarou, em redes sociais, que pretende aproveitar o período de recesso parlamentar para reunir assinaturas e protocolar um pedido de impeachment no Senado. Já o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) informou que iniciará, após o recesso legislativo, a coleta de assinaturas para a criação de uma CPI destinada a investigar a relação entre o ministro do STF e o Banco Master.
Em manifestação pública, Alessandro Vieira afirmou que a comissão deverá apurar informações sobre o contrato firmado entre o banco e o escritório ligado à família do ministro, além das notícias sobre eventual atuação direta de Moraes junto ao Banco Central. Após a prisão de Vorcaro, também vieram à tona relatos sobre suas relações com autoridades e políticos em Brasília.
Procurados para comentar as informações divulgadas, Alexandre de Moraes e o Banco Central não se manifestaram até o momento.
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