
A Câmara Municipal de Belo Horizonte decidiu, de forma unânime, abrir um processo de cassação contra o vereador Lucas Ganem (Podemos). A decisão foi tomada na sessão desta quinta-feira (4), após os 39 parlamentares presentes votarem pelo recebimento da denúncia que acusa Ganem de ter fraudado a declaração de domicílio eleitoral utilizada para disputar as eleições municipais de 2024.
A representação foi protocolada na segunda-feira (1º) pelo advogado Guilherme Augusto Soares. No documento, ele afirma que Ganem, eleito com 10.753 votos, não residia na capital mineira e teria apresentado um endereço falso apenas para cumprir o requisito legal de candidatura. Segundo a denúncia, não há registros de que o vereador tenha morado em Belo Horizonte antes da transferência eleitoral.
Com o recebimento da denúncia, foi formada a comissão processante que conduzirá as investigações internas. O sorteio definiu Bruno Miranda (PDT) como presidente, Edmar Branco (PCdoB) como relator e Helton Junior (PSD) como membro. O grupo terá até 90 dias para concluir o relatório, que posteriormente será votado pelo plenário.
Ganem não compareceu à sessão que decidiu pela abertura do processo. A reportagem tenta contato com sua assessoria para obter posicionamento.
Paralelamente ao processo político, o vereador já é investigado pela Polícia Federal por suspeita de crime eleitoral. De acordo com informações do inquérito, Ganem transferiu seu domicílio para Belo Horizonte no início de 2024 e declarou residir em um imóvel no bairro Trevo, na Pampulha. Moradores ouvidos pela PF informaram que o parlamentar nunca viveu no local. Documentos levantados pela investigação também mostram que, naquele mesmo ano, ele renovou sua CNH em São Paulo e ocupava cargo de gerência no Paraná.
A Justiça Eleitoral mineira analisa uma ação de impugnação de mandato que questiona a regularidade da candidatura. O Ministério Público Eleitoral já se manifestou a favor da cassação, afirmando que Ganem não possuía vínculos sociais, econômicos ou familiares com Belo Horizonte antes da mudança registrada. A ausência de contas de consumo em seu nome e a contratação majoritária de fornecedores paulistas durante a campanha reforçam essa avaliação.
O caso agora segue simultaneamente no âmbito político e judicial, com a definição do futuro do mandato de Lucas Ganem dependendo das conclusões das investigações em andamento.
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