
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, nesta terça-feira (2/12), em primeiro turno, o projeto de lei que autoriza a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). A proposta recebeu 50 votos favoráveis e 17 contrários, em uma sessão marcada por obstruções, protestos e movimentações intensas dentro e fora do plenário.
A votação ocorreu após mais de duas horas de tentativas da oposição de retardar a análise do texto, uma estratégia que já vinha sendo utilizada desde a manhã. A base do governo Romeu Zema (Novo), entretanto, conseguiu garantir o quórum mínimo de 48 parlamentares e conduzir a matéria à aprovação. O projeto ainda precisa ser analisado em segundo turno, fase que, embora geralmente mais ágil, deve ser novamente alvo de resistência.
Durante a sessão, a oposição argumentou que a proposta deveria ter sido amplamente discutida com prefeitos e especialistas, já que o abastecimento de água e o esgotamento sanitário são responsabilidades municipais. Deputados também criticaram o governo por realizar reuniões com representantes do mercado financeiro antes mesmo da deliberação sobre a privatização.
Os governistas, por sua vez, defenderam que a desestatização é essencial para ampliar investimentos e acelerar a universalização dos serviços de saneamento. Segundo aliados do governo, o texto aprovado preserva mecanismos de controle, como a manutenção da golden share, que permite ao Estado vetar decisões estratégicas da futura empresa privatizada.
A sessão ainda registrou episódios de tensão política. Enquanto trabalhadores da Copasa lotavam a galeria com faixas e gritos contrários ao projeto, parlamentares de ambos os lados trocaram provocações. Em determinado momento, a oposição retirou seus próprios requerimentos de obstrução ao perceber que a base ainda não tinha votos suficientes, numa tentativa de precipitar a votação. O movimento desencadeou uma corrida de deputados governistas ao plenário, que passaram a fazer obstrução para ganhar tempo até a chegada dos colegas.
Apesar dos conflitos e da pressão popular, a base aliada conseguiu consolidar os votos necessários para a aprovação. Com isso, o projeto de privatização segue para o segundo turno, ainda sem data definida. Caso seja novamente aprovado, seguirá para sanção do governador Romeu Zema.
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