
A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira (31) que a maior parte dos suspeitos mortos durante a Operação Contenção possuía histórico criminal. Dos 99 corpos já identificados entre os 117 mortos na ação, 78 apresentavam antecedentes por crimes como homicídio e tráfico de drogas. Além disso, 42 dos mortos tinham mandados de prisão em aberto no momento do confronto.
Os dados foram divulgados após o avanço do processo de identificação feito pela Polícia Civil, que atua no Instituto Médico Legal (IML) em conjunto com o Ministério Público do Rio. Segundo as forças de segurança, o levantamento reforça que muitos dos alvos da operação já eram investigados por envolvimento em facções criminosas, especialmente o Comando Vermelho.
O balanço também mostra que 39 dos mortos eram de outros estados, o que, segundo o governo, indica a presença de criminosos de fora atuando no Rio de Janeiro. Entre eles, 13 eram do Pará, 7 do Amazonas, 6 da Bahia, 4 do Ceará, 4 de Goiás, 3 do Espírito Santo, 1 do Mato Grosso e 1 da Paraíba.
A Polícia Civil informou que cerca de cem corpos passaram por necropsia no IML até a noite de quinta-feira (30), e parte já foi liberada para as famílias. O Ministério Público acompanha o processo e deve produzir laudos próprios, com apoio de peritos independentes.
A Defensoria Pública, por sua vez, afirmou que solicitou autorização para acompanhar as perícias, mas teve o pedido negado. A instituição argumenta que a presença de seus representantes é assegurada pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”. A Polícia Civil justificou a restrição, alegando que o acesso ao IML é permitido apenas a agentes da corporação e a membros do Ministério Público.
Deflagrada na terça-feira (29), a operação teve como meta cumprir 70 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho em 180 endereços diferentes, nos complexos do Alemão e da Penha, zona norte do Rio. Até o momento, 113 pessoas foram presas, e mais de cem fuzis foram apreendidos.
Apesar da grande mobilização, o principal alvo, Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, escapou. Ele é apontado como líder da facção e já tinha mandado de prisão preventiva. Segundo o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o criminoso utilizou comparsas para montar uma barreira e impedir o avanço das equipes policiais. O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações sobre seu paradeiro.
O governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como “um sucesso”, destacando a retirada de criminosos armados e o número de prisões efetuadas. Entidades de direitos humanos, entretanto, cobram transparência na apuração das mortes e questionam a alta letalidade da ação.
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